segunda-feira, 3 de março de 2014

AOS POUCOS, SEMPRE


 Dia 28/02/2014, o Bloco Carnavalesco Suburbaque sendo fortemente reprimido e seus organizadores sendo presos em
Mogi das Cruzes - SP  >  foto: Willian Ferro

Os gestores da região do Alto Tietê estão colocando em prática uma das suas maiores investidas contra a cultura popular e a cultura independente que se tem notícia nos últimos 10 anos. São ações com mandos e desmandos que tentam a todo custo calar a manifestação de qualquer artista-cidadão independente dessa região que não reze na cartilha de qualquer gestor do executivo ou articulador do legislativo.


Não há sinais que é ação orquestrada regionalmente porque essa turma não tem inteligência para isso: é ação municipalizada e que reflete um momento em que não se pode mais achar que se avança sozinho sob pena de denúncia de "discurso aqui e prática lá" da classe artística seja ela de qual linguagem for.

Cada vez mais é exigido o artista no cabresto. Ou ele cede 100% para aqueles que estão em determinada hierarquia do poder ou então será perseguido por todas as esferas repressivas seja ela policial ou de controle orçamentário nas suas ações com momentos onde essas duas práticas vão de mãos dadas para desarticular produções e trocas artísticas.

Se antes tivemos na região artistas ocupando cargos públicos e que avançaram nas políticas públicas culturais, hoje, esses mesmos artistas, sem coragem de aprofundar ações importantes para toda uma classe  e que tem reflexos diretos para a população, esses mesmos artistas só tem agora covardia e tapinha nas costas para essa turma que outrora andava junta nesse tortuoso caminho no Brasil.

Quando foi percebido o poder eleitoral de boas ações culturais, a cultura deixou de ser "coisa de gente louca" e passou a uma disputa política e aí os artistas, que na sua extrema maioria não tem ambição política e partidária, acabam pagando a conta da ganância e vaidades política-partidária dos donos do poder.

No entanto ouso dizer que esse mesmo poder que nos força para a alienação, submissão e desistência das nossas criações, acelera o processo de aprendizado político. Não o político-partidário. Mas o político enquanto ação social, consciente de seus deveres mas também dos seus direitos que todos os dias são usurpados nos pequenos terrorismos diários que esses mesmos governos no entope.

Aos poucos não estamos confiando mais nas palavras ditas em alto e bom som ou em canteiros no meio da noite. Aos poucos estamos entendendo que temos sim a força que deve ser respeitada não como verdade absoluta, mas como direito garantido de manifestar-se. Aos poucos avançaremos em trincheiras que são reforçadas todos os dias contra nós e nosso direito seja ele constitucional ou ético.

Aos poucos - e isso pode levar séculos - a arte sobreviverá a todos vocês, gestores e articuladores de ma fé da cultura na nossa populosa, rica e diversa Alto Tietê.


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