sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Ditadura Militar sempre tem seus seguidores


Pois bem meus amigos. E não é que alguém se assume reacionário, golpista e a favor de ações anti democráticas em nosso país ainda hoje?!

Pois foi o que aconteceu com a declaração do nada digníssimo Sr. Marco Aurélio Mello (ministro do STF, presidente do TSE e parente de Fernando Collor de Mello). Acaba de declarar que a ditadura militar no Brasil foi "um mal nescessário"
.
Devemos comemorar, porque não é todo dia que alguém se assume de direita no Brasil. Mesmo sendo descarada a atitudes desses nobres senhores conservadores, nunca assumem que não toleram os avanços que a classe social mais pobre desse país alcançou nos ultimos anos.

Estão nervosos com a possibilidade mais que real de continuidade desse projeto que está em curso e farão de tudo - junto com a mída golpista desse pais que está afiando a faca pra por na garganta do povo nas eleições que a cada dia se aproxima - para não encarar o fato de que o tempo deles acabou.

E não acabou somente aqui no Brasil não. Acabou na Venezuela, Bolívia, Cuba, e outros países da América Latina que estão com seus povos acordados contra esse mal que já não passa tão desapercebido assim.

Ao se declarar como um apoiador da ditadura militar, o sr. Marco Aurelio Mello expõe - pensando que ninguém pensa mais nisso - uma ferida que nem o governo Lula tratou com seriedade: o que faremos com os torturadores desse país que, depois das atrocidades que cometeram, tem seus nomes limpos e escondidos atrás de cargos públicos eletivos de senadores, deputados, prefeitos etc?

Ora, foi esse mesmo senhor que, em plena campanha de 2006 acusou Lula de grampear os telefones dos juízes e depois da vitória avisava que talvez Lula não tomaria posse porque suas contas seriam rejeitadas. Como nada disso deu em nada porque não era verdade, a imprensa se calou e tudo ficou por isso mesmo. Mais uma vez os acusadores passam impunes.

Então não é de se estranhar que esse palhaço apóie ações dessa natureza. É um reacionário que usa de seu poder que lhe foi dado para emitir opiniões que não cabem a um homem num cargo tão importante para a estrutra institucional do Brasil.

Agora, resta a denúncia, a divulgação desse video para que ele saiba que a população brasileira espera sim por justiça contra os torturadores que muitas vezes mataram em nome do Estado que estava cerceando o direito das pessoas acreditarem em coisas diferentes do que aquilo estabelecido pela ditadura militar.

E não tem jeito gente. Temos que esperar esse cara morrer para substituir. Lá no STF é assim. Mas ele vai. Ah vai. E com ele, espero, parte do reacionarismo que ainda persiste nesse pais sob o nome de democracia.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Serra e o Fim da Era Paulista na política


Por Luis Nassif

Por que José Serra vacila tanto em anunciar-se candidato?

Para quem acompanha a política paulista com olhos de observador e tem contatos com aliados atuais e ex-aliados de Serra, a razão é simples.

Seu cálculo político era o seguinte: se perde as eleições para presidente, acaba sua carreira política; se se lança candidato a governador, mas o PSDB consegue emplacar o candidato a presidente, perde o partido para o aliado. Em qualquer hipótese, iria para o aposentadoria ou para segundo plano. Para ele só interessava uma das seguintes alternativas: ele presidente ou; ele governador e alguém do PT presidente. Ou o PSDB dava certo com ele; ou que explodisse, sem ele.

Esta foi a lógica que (des)orientou sua (in)decisão e que levou o partido a esse abraço de afogado. A ideia era enrolar até a convenção, lá analisar o que lhe fosse melhor.

De lá para cá, muita água rolou. Agora, as alternativas são as seguintes:

1. O xeque que recebeu de Aécio Neves (anunciando a saída da disputa para candidato a presidente) demoliu a estratégia inicial de Serra. Agora, se desiste da presidência e sai candidato a governador, leva a pecha de medroso e de sujeito que sacrificou o partido em nome de seus interesses pessoais.

2. Se sai candidato a presidente, no dia seguinte o serrismo acaba.
O balanço que virá

O clima eleitoral de hoje, mais o poder remanescente de Serra, dificulta a avaliação isenta do seu governo. Esse quadro – que vou traçar agora – será de consenso no ano que vem, quando começar o balanço isento do seu governo, sem as paixões eleitorais e sem a obrigatoriedade da velha mídia de criar o seu campeão a fórceps. Aí se verá com mais clareza a falta de gestão, a ausência total do governador do dia-a-dia da administração (a não ser para inaugurações), a perda de controle sobre os esquemas de caixinha política.

Hoje em dia, a liderança de Serra sobre seu governo é próxima a zero. Ele mantém o partido unido e a administração calada pelo medo, não pelas ideias ou pela liderança.

Há mágoas profundas do covismo, mágoas dos aliados do DEM – pela maneira como deserdou Kassab -, afastamento daqueles que poderiam ser chamados de serristas históricos – um grupo de técnicos de alto nível que, quando sobreveio a inércia do período FHC-Malan, julgou que Serra poderia ser o receptador de ideias modernizantes.

Outro dia almocei com um grande empresário, aliado de primeira hora de Serra. Cauteloso, leal, não avançou em críticas contra Serra. Ouviu as minhas e ponderou uma explicação que vale para todos, políticos, homens de negócio e pensadores: “As ideias têm que levar em conta a mudança das circunstâncias e do país”. Serra foi moderno quando parlamentar porque, em um período de desastre fiscal focou seu trabalho na responsabilidade fiscal.

No governo paulista, não conseguiu levantar uma bandeira modernizadora sequer. Pior: não percebeu que os novos tempos exigiam um compromisso férreo com o bom estar do cidadão e a inclusão social. Mas continuou preso ao modelito do administrador frio e do sujeito que comprometeu o aparato regulatório do Estado com concessões descabidas a concessionárias.

O castigo veio a cavalo. A decisão de desviar todos os recursos para o Rodoanel provocou o segundo maior desastre coletivo da moderna história do país, produzido por erros de gestão: o alagamento de São Paulo devido à interrupção das obras de desassoreamento do rio Tietê. O primeiro foi o “apagão” do governo FHC.
O fim das ideias

O Serra que emergiu governador decepcionou aliados históricos. Mostrou-se ausente da administração estadual, sem escrúpulos quando tornou-se o principal alimentador do macartismo virulento da velha mídia – usando a Veja e a Folha – e dos barra-pesadas do Congresso. Quando abriu mão dos quadros técnicos, perdeu o pé das ideias. Havia meia dúzia de intelectuais que o abastecia com ideias modernizantes. Sem eles, sua única manifestação intelectual foi o artigo para a Folha criticando a posição do Brasil em relação ao Irã – repetindo argumentos do seu blogueiro.

É bobagem taxar o PSDB histórico de golpista. Na origem, o partido conseguiu aglutinar quadros técnicos de alto nível, de pensamento de centro-esquerda e legalistas por excelência. E uma classe média que também combateu a ditadura, mas avessa a radicalizações ideológicas.

Ao encampar o estilo Maluf – virulência ideológica (através de seus comandados na mídia), insensibilidade social, (falsa) imagem de administrador frio e insensível, ênfase apenas nas obras de grande visibilidade, desinteresse em relação a temas centrais, como educação e segurança – Serra destruiu a solidariedade partidária criada duramente por lideranças como Mário Covas, Franco Montoro e Sérgio Motta.

Quadros acadêmicos do PSDB, de alto nível, praticamente abandonaram o sonho de modernizar a política e ou voltaram para a Universidade ou para organizações civis que lhe abriram espaço.
O personalismo exacerbado

Principalmente, chamaram a atenção dois vícios seus, ambos frutos de um personalismo exacerbado – para o qual tantas e tantas vezes FHC tinha alertado.

O primeiro, a tendência de chamar a si todos os méritos, não admitir críticas e tratar todos subordinados com desprezo, inclusive proibindo a qualquer secretário sequer mostrar seu trabalho. Principalmente, a de exigir a cabeça de jornalistas que o criticavam.

O mal-estar na administração é geral. Em vez de um Estadista, passaram a ser comandados por um chefe de repartição que não admite o brilho de ninguém, nem lhes dá reconhecimento, não é eficiente e só joga para a torcida.

O segundo, a deslealdade. Duvido que exista no governo Serra qualquer estrela com luz própria que lhe deva lealdade. A estratégia política de FHC e Lula sempre foi a de agregar, aparar resistências, afagar o ego de aliados. A de Serra foi a do conflito maximizado não por posições políticas, mas pelo ego transtornado.

O uso do blogueiro terceirizado da Veja para ataques descabidos (pela virulência) contra Geraldo Alckmin, Chalita, Aécio, deixou marcas profundas no próprio partido.

Alckmin não lhe deve lealdade, assim como Aloizio Nunes – que está sendo rifado por Serra. Alberto Goldmann deve? Praticamente desapareceu sob o personalismo de Serra, assim como Guilherme Afif e Lair Krähenbühl – sujeito de tão bom nível que conseguiu produzir das poucas coisas decentes do malufismo e não se sujar.

No interior, há uma leva enorme de prefeitos esperando o último sopro de Serra para desvencilhar-se da presença incômoda do governador.

O que segura o serrismo, hoje em dia, é apenas o temor do espírito vingativo de Serra. E um grupo de pessoas que será varrida da vida pública com sua derrota por absoluta falta de opção. Mas que chora amargamente a aposta na pessoa errada.

Aliás, se Aécio Neves foi esperto (e é), tratará de reasgatar esses quadros para o partido.

Saindo candidato a presidente e ficando claro que não terá chance de vitória, o PSDB paulista se bandeará na hora para o novo rei. Pelas possibilidades eleitorais, será Alckmin, político limitado, sem fôlego para inaugurar uma nova era. Por outro lado, o PT paulista também não logrou se renovar, abrir espaço para novos quadros, para novas propostas. Continua prisioneiro da polarização virulenta com o PSDB, sem ter conseguido desenvolver um discurso novo ou arregimentado novas alianças.

O resultado final será o fim da era paulista na política nacional, um modelo que se sustentou décadas graças ao movimento das diretas e à aliança com a velha mídia.

Acaba em um momento histórico, em que o desenvolvimento se interioriza e o monopólio da opinião começa a cair.

A história explica grande parte desse fim de período. Mas o desmonte teria sido menos traumático se conduzido por uma liderança menos deletéria que a de Serra.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O que nos distancia do profissionalismo?


Há um fato importante que a classe artística da região deve enfrentar para que sua existência seja reconhecida como algo que deva ser levado a sério pelos poderes públicos: sua capacidade de se profissionalizar e se perceber no mundo.

Todo o cuidado é pouco quando usamos palavras, mas não devemos ter medo delas. Profissionalismo não quer dizer necessariamente mercadoria. Não é algo com que devemos vender em troca de algum valor financeiro específico. Profissionalismo é aceitar seu ofício como profissão e trabalhar para que consiga transmití-la de forma digna e que, de preferência, nos diferencie de outro animal irracional.

Para conseguir isso a tarefa é difícil. E nesse ponto estamos deixando muito a desejar. Ainda não estudamos como deveríamos, não lutamos junto aos órgãos públicos pelos direitos que a população deve ter em pensar coisas diferentes, não nos articulamos enquanto classe, medos e vaidades nos consomem e como consequência de tudo isso, nossos espetáculos estão deixando a desejar.

Dessa forma, a representação junto a população que nos vê perde força. Sendo eles os que percebem nossa arte como uma forma de "troca final", se não conseguem fruir ou congregar com aquilo que vêem, não o reconhecem como algo que deva continuar e aí não acham passíveis de manter sua permanência.

Nessa hora, não adianta colocar a responsabilidade somente no poder público. Ele tem a sua responsabilidade e deve sim entender sua representatividade junto as necessidades básicas da população. O papel dele - uma vez que não conseguimos mudar as regras do jogo - é funcionar como uma panela de pressão que só funciona se sentir fogo vindo de baixo pra cima. É preocupante quando é percebível que não há na classe um olhar para esse ponto.

Ao optar por não pressionar, abdica de sua capacidade de transformar o indíviduo e passa apenas a lidar com aquilo que a arte tem de mais inútil, ou seja, sua exposição pura e simples, sem reflexão anterior. Sendo assim não avança e fica recluso no seu espaço de criação - seja mental ou físico - e não pensa o mundo a sua volta.

Vira arte pela arte. E acho que a arte já está aí e não precisa mais dessas coisas.

E como faremos para mudar essa postura?

O que está faltando para que efetivamente usemos nossa capacidade de transformar o mundo e também o indíviduo em busca de uma sociedade mais apta em refletir e pensar o mundo de forma diferente?

Pra onde iremos se não conseguimos transmitir nossa obra para a platéia?

Temos umas coisas pra pensar depois do carnaval.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Sindicalista haitiano comenta a situação de seu país, após terremoto


Entrevista de Fignolé Saint-Cyr, secretário geral da CATH, Central Autônoma dos Trabalhadores do Haiti, dia 26.1.10.

Fignolé - Bom dia à todos, à Rádio Tanbou aos camaradas do LKP, guadalupenhos e guadalupenhas,


1) Foi muito difícil entrar em contato com você, as coisas estão difíceis, qual é o seu estado, qual é a situação do Haiti hoje?

Fignolé – A situação é efetivamente muito difícil. O povo haitiano conta com a solidariedade, mas é um povo lutador que procura uma solução.

Eu, como responsável sindical que acompanha a situação, quero alertar a opinião pública internacional, o movimento operário e democrático internacional, sobre o que se passa no Haiti. É verdade que o país está vendo uma importante catástrofe, mas existem aqueles que se aproveitam disso para reforçar a ocupação. Por exemplo, os Estados Unidos instalando 20.000 homens armados.

O Haiti não precisa de armas, nem de porta-aviões, nem de carros blindados, hoje o Haiti precisa de enfermeiros, médicos, engenheiros, para nos ajudar a enfrentar a situação.



2) Questão da ajuda - A ajuda chega, mas a população não tem acesso, mesmo em Porto Príncipe. Existe um problema de coordenação.

Fignolé – É os Estados Unidos quem coordena, quem comanda o aeroporto e o porto. Existe um conflito entre os EUA e a França. Por exemplo, na semana passada se desentenderam os embaixadores da França e dos EUA.

O que nós queremos, como nossos companheiros, é a verdadeira solidariedade. Já sabemos o que estão fazendo nossos companheiros do LKP, da Martinica, da ATPC... Nós contamos com eles e outros para fazer pressão contra a França, especialmente pelo reembolso da dívida imposta ao Haiti pela França, no momento da nossa independência, para a reconstrução do país; ainda mais porque eu ouvi na RFI (Radio França Internacional) que 47% da população francesa concorda que a França ajude o Haiti. Querem passar a imagem de que o Haiti é um país pobre, o Haiti não é pobre, mas foi empobrecido.



3) Questão da Pilhagem - Fignolé – Existe uma lógica por trás do fato da não-organização da distribuição de ajuda, para incitar a população à pilhagem, para reprimir logo em seguida, como aconteceu em Nova Orleans, após o furacão Katrina em 2006.

Nós acabamos de receber a notícia de que a Comunidade Européia se prepara para enviar 350 policiais para “ajudar na distribuição” de ajuda. Nós chamamos todo o movimento operário e democrático para fazer pressão na comunidade internacional, contra os Estados Unidos, para que ele não se aproveite da catástrofe para acentuar a ocupação do Haiti. Nós reafirmamos que nós não precisamos de marines, nem de policiais. É uma maneira de traumatizar ainda mais o povo. O que nós precisamos são de enfermeiros, médicos, engenheiros.



4 – Solidariedade internacional - Fignolé –Nós fazemos um chamado ao movimento sindical internacional, ao movimento operário independente (do mesmo modo que os Estados Unidos, França e Canadá estão reunidos no Canadá), para a organização de uma Conferência Internacional num país francófono, no Canadá, em Guadalupe ou na Martinica, para dizer, atenção: o que os países estrangeiros presentes no Haiti tentam nos impor não é o que nós precisamos, é a política dos países ocidentais, dos banqueiros, o que eles estão aplicando. Nós já vimos isso durante os ciclones de 2008: muita ajuda chegou, mas a maior parte da população nem sequer viu a cor. Desta vez, para impedir isso, é preciso juntar o Haiti à comunidade internacional.



5 – A construção do Haiti - Fignolé – A construção do Haiti só pode ser feita com o movimento sindical de classe independente, para que cada um desenvolva seu papel de maneira democrática, e com a junção entre o movimento operário e democrático haitiano e o movimento internacional de classe independente e democrático, certamente com nossos camaradas do LKP, de algumas confederações dos Estados Unidos, do Brasil, da França... O que está na ordem-do-dia não é uma questão de solidariedade humanitária, é a questão da soberania do Haiti, do respeito do direito do povo haitiano, é o combate contra a ocupação do Haiti. Porque hoje nosso país está enfraquecido politicamente, economicamente, e é a ocasião de fazer os EUA e a França pagarem o preço das ocupações e da colonização do nosso país.



6 – Comitê de acompanhamento - Fignolé – É o combate que nós travamos com organizações haitianas, organizações sindicais, políticas, populares, de mulheres… Combate reforçado pela Comissão Internacional de Inquérito sobre o Haiti, que aconteceu em Porto Príncipe, nos dias 16 a dia 20 de setembro de 2009. Para continuar este combate nós contamos com nossos companheiros, com nossos amigos, nossos camaradas do LKP, da ATPC, do Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos.



7 – Situação - Fignolé – Eu estou na rua, como centenas de milhares de haitianos. Como eles eu perdi tudo, inclusive minha casa. Ninguém sabe ao certo quantos mortos, 300 000? Nos viramos com aquilo que sobrou e contamos com a solidariedade entre nós.

Existem muitas amputações, e uma situação sanitária muito precária.

Repito mais uma vez, nós precisamos de médicos e enfermeiros.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Parceiros no Mundo Digital

O Galpão Arthur Netto está com blog novo!!!

Que bom saber e conseguir usar ferramentas tão bacanas para que as pessoas possam se comunicar.

Aconselho - porque tem conselho que é bom e nem precisa vender - a visitarem o blog do Galpão. Tem uma retrospectiva bem bacana e acho que é interessante nós podermos olhar pra trás e ver que construimos algumas coisas dignas.

A história do Galpão, que nasce de um sonho do doido do Manoel Mesquita Jr, diretor da Cia do Escândalo, passa agora a ser a "casa" de vários grupos e artistas que, de forma humilde mas muito comprometida, tentam transformar a arte na região do Alto Tietê em algo efetivamente transformador.

Ouso dizer que, com todas as nossas limitações, ainda somos bem ousados e passíveis de construir, na prática, sonhos em algo concreto e palpável.

E o Galpão é um exemplo desses.

Parabéns pelo espaço, tanto físico quanto virtual. Não é fácil não camaradas.

Mas alguém disse que seria fácil? Não me lembro

A propósito aí do seu lado direito tá o link do Galpão Arthur Netto. Fuça lá também.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Ato Pela Libertação dos Presos Políticos do MST e Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais

Trabalhadores Rurais, vinculados ao MST, dos municípios de Iaras e Borebi foram presos na manhã de terça feira pela Polícia Civil.

Eles estão sendo acusados de liderarem a ocupação da Fazenda Santo Henrique, de propriedade do Governo Federal, e usada ilegalmente pela Multinacional CUTRALE.

A forma como a prisão foi efetuada demonstrou claramente que a polícia agiu de forma a acirrar ainda mais o conflito social. A criminalização dos trabalhadores e a apreensão de equipamentos, objetos de uso pessoal, ferramentas de trabalho, e produtos agrícolas como defensivos, fertilizantes, calcário, óleo diesel e outros, dão mostras de arbitrariedade e pré-julgamento.

Tais objetos são de uso regular e cotidiano de quaisquer agricultores, além do mais, não há comprovação por parte da Polícia de que esses bens sejam de propriedade da empresa denunciante.

Transformar problema agrário brasileiro em crime comum tem sido a tática dos setores mais conservadores e truculentos da sociedade brasileira. É um atraso que pode impedir o avanço e o desenvolvimento do país com verdadeira justiça social.

No sentido de defender a apoiar a Luta pela Reforma agrária, nos colocar contra a criminalização dos movimentos sociais e pedir a libertação dos 7 lutadores sociais presos, estamos convocando a todos os lutadores do povo, militantes dos movimentos sociais, entidades de direitos humanos, sindicatos, parlamentares, e todas as entidades comprometidas com a justiça social a participarem do Ato Pela Libertação dos Presos Políticos do MST e Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais a se realizar na próxima quarta-feira, 10/02/2010, na Sala dos Estudantes, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (próximo ao metrô Sé) às 19hs.
Apoio:
40 Anos da Pastoral Operária de São Paulo
Organizar a Classe, Em 2010: Ousar Lutar, Ousar Vencer!!!
Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo
Rua Venceslau Bras 78 1º Andar - Sala 101
CEP 01016 - 000 São Paulo - SP
Telefone 11 3106 - 5531
E-mail: pometropolitana@yahoo.com.br

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ah, o que ainda me interessa

Fico pensando em parceiros culturais que nessa hora estão consumindo um pouco de seu sossego pra construir - ah meninos solitários - uma humanidade que ao menos possa continuar com um pouco mais de dignidade.

A luta é inglória: batalhas burocráticas, articulações com os amigos, articulações com os inimigos, atenção ao futuro, olhar para o passado, intensidade no presente, erro e acerto, tentativa e erro, tentativa e ?, ? e perseverança, teimosia e diplomacia...ahhh, como é dificil as vezes.

Quando me deparo com uma luta infinda pra poder bancar projetos tão simples na sua essência me pergunto se é pra ser assim mesmo. Porque as vezes não deveria. Será que estamos acostumados e ver essa profissão tão sofrida, ou ela é sofrida mesmo?

Ou somos sensíveis?

Ou nos tornamos sensíveis?

Ah meu caro, resta saber o que ainda não somos.

Acho que é isso que me interessa.

Bem, algumas linhas autobriográficas sem importancia.

e sem foto

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Secretaria de Estado da Cultura boicota a Conferência Nacional de Cultura


Sou delegada do estado de São Paulo para a II CNC, eleita após mais de 12 horas de briga e tentativas de alguma coisa naquilo que se chamou Conferência Estadual de Cultura, realizada dia 26 de novembro do ano passado. Também sou presidente de uma Associação em Suzano que hoje é contemplada com o projeto Pontos de Cultura.

Quem teve o desprazer de estar no Memorial da América Latina naquele dia viu o desrespeito e a falta de capacidade com que a Secretaria de Estado tratou os mais de 850 delegados eleitos pelas Municipais, não colocando em votação o regimento, e fazendo-nos ouvir absurdos do tipo: "a plenária não é soberana a organização da Conferência", ou falas do Sr. Sayad (economista formado e sem nenhuma sensibilidade para o cargo) do gênero "pra cultura de São Paulo não falta dinheiro; para projetos bons sempre se tem dinheiro".

Depois disso, fomos JOGADOS cada grupo de trabalho em um "canto" do auditório, para discutir questões delicadas, como Desenvolvimento e Economia Sustentável, Educação, Cidadania, entre outras, com mais 200 companheiros, onde fomos obrigados a ler em voz alta, sem microfone e também sem falar alto, um calhamaço com 90 propostas saídas dos municípios, o que era mentira, pois não estavam todas as demandas municipais contempladas naquele papel, segundo relatos de muitos delegados ali presentes.

Pois bem, após essa contextualização para que haja o entendimento de qual vontade a Secretaria de Estado chamou a Conferência, ficamos sabendo ontem, dia 04/02, faltando exatos 37 dias para a II CNC, que a Secretaria de Estado NÃO PRETENDE CUSTEAR A IDA DOS DELEGADOS DO ESTADO À BRASÍLIA.

Mas porque será que isso não me espanta?

A Secretaria alega que não se sente na obrigação de custear a ida de seus delegados pois a Conferência é um chamamento nacional, e que isso deveria ser obrigação da Federação. Alega também que, mesmo isso constando no regimento da CNC, não vai mandar seus delegados pois o Governo Federal também não cumpriu com parte do "acordo" (que ninguém sabe qual foi). E diz que a ida dos delegados LEGÍTIMAMENTE eleitos pela plenária deverá ser do próprio delegado ou da prefeitura que o mandou.

Enfim, estamos sendo jogados as traças, vítimas de no mínimo, manobras eleitoreiras para que esse senhor que se diz governador do Estado possa concorrer (e tomara Deus irá PERDER) a presidência da República no segundo semestre.

Mas não, meus amigos, não se enganem: nós, que sabemos que política se faz de forma participativa e democrática, e pior que isso, O MAIOR ESTADO DA FEDERAÇÃO, estamos sendo vítimas de uma manobra para esvaziar a II CNC, pois o Estado não reconhece a legitimidade de conferências, da participação popular, pois nosso governo é um exemplo claro de repressão, onde nem a liberdade de fala nos é (e foi) dada.

Não seríamos avisados a tempo de cobrar, de tentar uma outra forma de irmos. Não teríamos tempo de mandar esse mail, por exemplo. EU NÃO RECEBI UMA LIGAÇÃO DA SECRETARIA DO ESTADO. Isso é absurdo.

Oras, sr. Sayad... não foi dito publicamente que a cultura de São Paulo tem dinheiro? Porque então não querem mandar os delegados pra Brasília? A CNC não é considerado um bom projeto para o estado? Gastar 1 milhão e meio a mais na Virada Cultural em ano de eleição é considerado um bom projeto? Continuar com o Mapa Cultural Estadual e jogar os custos nas costas das Prefeituras faz do Mapa um projeto ruim, para não ter dinheiro injetado?

Peço para que meus companheiros de rede, amigos do Ponto de Cultura (que é SIM um projeto da Federação), pensadores e gestores culturais que transmistam esse mail para quem puder. Avisem os que foram eleitos delegados pelos municípios, se tiverem conhecimento, avisem os delegados eleitos na Estadual e que não estão sabendo dessa situação, para que juntos possamos cobrar na Regional do MINC em São Paulo uma cobrança DIRETA para que esses delegados tenham o direito de participar da discussão nacional. Não queremos esvaziar a CNC.

Acreditamos nela como instrumento de mudança e de voz para nós que vivemos e fazemos cultura nesse estado, que há 20 anos vem sendo comandado pelos nefastos tucanos.

ESTAMOS SENDO VÍTIMAS DE UM GOLPE!


Tuane Vieira
Delegada Estadual da II CNC
Atriz, Produtora e Gestora Cultural
Presidente APAC - Associação Paulista de Artes Cênicas
Anti-José Serra

Pontos de Cultura deixa região em estado de atenção

A região do Alto Tietê está sob uma responsabilidade imensa. E não está nas mãos dos órgãos publicos, dos prefeitos ou de políticos bons ou mal intencionados. Está nas mãos da população; mais especificamente dos agentes e agitadores culturais da região.

Afinal, os Pontos de Cultura vão entregar milhões de reais para pessoas que efetivamente sabem como é fazer cultura para aqueles com quem se comunicam diretamente. Até acho que não é muito dinheiro, mas já muito mais com que a maioria dessas entidades culturais estavam lidando desde a sua fundação.

Acredito que ao todo, cerca de 30 Pontos de Cultura estarão em andamento a partir de março - com atividades já fortalecidas - com possibilidades imensas de trazer tranquilidade para essas entidades, mas também de se ver fortalecidas suas ações e representatividade perante a população.

Não é fácl. Estamos lidando com um Governo do Sr. José Serra (PSDB, DEMo - é tudo a mesma coisa) que não facilita em nada: foi o último Estado da federação a aceitar o Projeto Pontos de Cultura, fez uma Conferência Estadual lixo, não está querendo levar os delegados dessa conferência para a Conferência Nacional e coloca 1 milhão e meio de reais a mais na Virada Cultural que não leva ninguém a lugar nenhum a não ser em um dia a mais de artistas consagrados a uma população que não se reconhece neles. Enfim, um fracasso.

E se fôssemos conceituar a história seria até pior. Esse tipo de política é tão retrógrada que me lembra aqueles coronéis dos tmepos antigos desse país.

Será nesse panorama complexo que os agentes culturais terão que se mexer e pôr a mão na massa se quiser efetivamente colocar suas linguagens e expressões artísticas na rua. É possível sim alavancar produções artísticas na região e fortalecer políticas públicas que, no final das contas, a população será a maior beneficiada.

Em ano de eleição, de disputa pelo poder em todas as esferas, pensar que tudo isso é uma conquista que não poderá ser deixada pra trás é fundamental. Devemos nos unir esaber que o sucesso do projeto de um, naturalmente culminará na possibilidade do sucesso do outro.

E a hora é agora.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Teatro da Neura inicia atividades

No início de fevereiro, voltamos às nossas atividades já com projetos bem ousados. Não é fácil manter um grupo e tudo aquilo que dele surge, mas é imprescindível perceber que o trabalho de grupo é um fenômeno que aos poucos está sendo perdido em meio ao caos que se tornou a civilização com seu individualismo.

Trabalhar contra isso é muito importante.

Claro que nem todos no meio teatral consegue perceber essas variáveis, mas o fato é que será no coletivo que conseguiremos resistir aos enfrentamentos postos nos dias que seguem.

Falando específicamente sobre o Teatro da Neura, esse trabalho de grupo estará mais forte em 2010 e será necessário que estejamos em todos os espaços para colaborar na formação da classe, produção cultural, política cultural e pressionar projetos que tenham carater coletivo para que Suzano se torne efetivamente num pólo de referência em produções de qualidade em teatro.

Com os parceiros que se apresentam e os projetos que devem pipocar, teremos muitos sorrisos e, claro, muito trabalho pela frente.

Sorte pra nós.

E sorte também para quem nos ver nesse ano cheio de apresentações e encontros sensíveis.