terça-feira, 29 de setembro de 2009

Um Che para todos


Os dois filmes que o diretor Steven Soderbergh fez sobre a luta de Che Guevara é uma obra de arte a parte. A começar pela audácia em não ser falado em inglês - o que deve ter causado um certo desconforto para os holywoodianos de plantão - e colocado o protagonista em sua língua natal.

Depois pela pegada do filme que - graças a interpretação primorosa de Benicio Del Toro - deu-nos um Che humano e sem misticismo. Quando digo humano, estou dizendo homem mesmo. Daqueles que gostamos de chamar de humanos, aqueles que diferenciam de qualquer outro animal porque pensa no próximo de forma racional e apaixonada.

Mas ainda tem a cor do filme (o que os técnicos chama de fotografia) que nos transporta para dentro das duas guerrilhas que enfrentou. Com pouca trilha sonora, a crueza dos momentos dificeis não é atemorizada.

A estratégia e a coragem que aqueles homens tiveram ao lutar por seus ideais infelizmente não é hoje colocada em pauta. Acho que é por isso que essa figura de Che ainda é desconhecida. Lutar por aquilo que acredita ainda é algo que parece distante da realidade. Sempre lutamos pela vida e pelo enriquecimento dos outros como se nunca fosse possível mudar.

O que os artistas mais querem é uma arte de ruptura, mas sua vida cotidiana é de submissão, de exploração, de permanência de valores que na obra tenta quebrar. Ai ai...

Percebo que, pelo fato do filme nos trazer um homem no sentido mais sublime da coisa, fica mais dificil de compreender, de sofrer e de entender porque ele nunca desistiu de seus ideais e prosseguiu, mesmo com todas as dificuldades, em direção de uma sociedade mais justa.

Veja só, enquanto ele lutava por um mundo melhor, aqui nós temos que ver nossas liberdades individuais indo embora e proibição atrás de proibição. É lei anti fumo, rodízio de carros duas vezes por semana, não pode iss, não pode aquilo.

Parabéns Soderbergh pelo Che humano. Aquele que nem a esquerda gosta muito de ver e que a direita não compreende e acha graça.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Respiro que Precisávamos

Acho que o Coletivo Cênico de Suzano se saiu muito bem na 2ª Conferência de Cultura. Junto com a Associação Paulista de Artes Cênicas (APAC) conseguiu levar 2 delegados pra conferência estadual o que ajuda em muito nossa força aqui na cidade.

Além do mais, o grupo se organizou muito pra estar lá. Foram levantadas pautas importantes e prioridades para cada sala. Ao final, foi lindo ver que temas importantes estvam presentes nas discussões: A aprovação da PEC 150, instalação imediata do Conselho Municipal de Cultura e a adoção de editais públicos para projetos da secretaria na cidade.

Deve-se ressaltar que essa foi uma articulação que o pessoal do teatro levantou em todas as salas e fez o convencimento com todos os presentes.

E todos saímos satisfeitos com o resultado. Fortalecidos e com a estima lá no teto, descobrimos que podemos respirar aliviado e o desabafo que fiz em no texto Conferência é oportunidade de Conquistas (04/09) hoje se mostra revigorado com o que conseguimos graças a uma articulação boa e oportuna.

Parabéns ao Coletivo Cênico de Suzano, a APAC e aos artistas de teatro que fizeram por valer políticas culturais que vão além da sua sala de ensaio.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Termos do Dicionário Tucanês


Enquete

Sugestão do amigo Wilson: após o cineasta falido, Arnaldo Jabor, chamar o golpe em Honduras de “golpe democrático” e o PIG inventar o “presidente de fato”, quais outros termos poderiam ser criados ?


Do site de Paulo Henrique Amorim

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=18901

"Quem não se ocupa de política já tomou a decisão política de servir o partido dominante." Frisch, M.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Serra quer Vender a Saúde


O digníssimo governador de São Paulo José Serra (PSDB, DEMo, PFL - é tudo a mesma coisa) está lançando de todas as armas para privatizar a saúde do Estado que já está a míngua.

Isso se dá porque a Assembléia Legislativa aprovou uma lei que entrega qualquer órgão público de saúde para Organizações Sociais (OS). Detalhe importantíssimo: com essa lei complementar (62/2008) essas OS nem precisarão fazer licitação para a compra de produtos e serviços. É deixar a Deus dará.

E isso vem desde muito tempo. Essa mania de tucano de privatizar o país foi muuuuito bem feito pelo FHC - que o diabo o leve - que fez o maior crime da história desse país quando vendeu a Vale do Rio Doce, uma empresa que, se mantida até hoje, seria uma das maiores do mundo em minérios.

Mas tem muito mais suco dessa fruta. É claro que o nível de atendimento cai drásticamente e os funcionários da saúde não tem estabilidade, ficando sempre a mercê da exploração política e partidária além da exploração dos próprios chefes e dos baixos salários para os funcionários.

Enfim, pra não me alongar muito é esse tipo de pessoa que quer ser presidente do Brasil.

Que lixo.

Mas ele sabe, ou vai saber, que o projeto que ele prega, o Brasil rejeita como a um animal que contamina.

PEC 150 avança


Ontém mesmo já está a notícia que a PEC 150 que propõe que 2% do orçamento da União seja destinado ao Ministério da Cultura, 1,5% para as Secretarias de Cultura dos Estados e 1% para os municípios foi aprovada pela Comissão que trata disso na Câmara do Deputados em Brasília. É uma vitória importante porque hoje a pasta na União não passa de 0,5% com um orçamento de R$ 1,3 bilhão e com os tão lutados 2% chegaria a R$ 5,3 bilhões. Um salto fundamental para que possamos democratizar as políticas públicas para cultura no país. Não se faz cultura sem orçamento e esse pensamento não é tranquilo para vários governantes que ainda vê a cultura como uma pasta onde se tem despesa e não investimento. É sabido que a economia da cultura corresponde no Brasil a 8% do PIB com poucos investimentos sérios para a área. Sendo assim é imaginável que, com esse aumento significativo no orçamento, o país passe a tratar de seus bens materiais (museus, teatros, cidades históricas) e imateriais (cultura popular, artistas e serviços culturais) com muito mais respeito além de proporcionar intercâmbios de linguagens circulação de bens artísticos por todo país. A luta é grande mas está avançando para boas notícias. Que na 2ª Conferência Municipal de Cultura nós possamos perceber esse momento importante na construção de políticas públicas sérias no país e também ajude nessa conquista.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Brasil dá de Cara com a América Latina




Mas vejam que maravilha para o olhar de soslaio que o Brasil sempre deu pros assuntos da América Latina: Manoel Zelaya, presidente deposto de Honduras por um golpe militar a la década de 60 é acolhido pela embaixada do brasileira no país depois e sofrer resistências fortíssimas dos golpistas de lá.

Isso é impressionante por vários motivos. Mas acredito que dois deles valem ressaltar.

1º - O Brasil sempre teve um olhar bem distante sobre os problemas e assuntos em comum com os vizinhos da América Latina. Os presidentes que já passaram por aqui não costumavam visitar nenhum país perto daqui deixando-os a míngua e se fazendo de "não sou daqui" para que não se envolvesse em questôes cruciais. Isso acontecia antes porque, de uma certa forma, mantemos uma postura imperialista com esses países e assim podemos fazer vistas grossas com os bolivianos que são explorados em São Paulo - só pra ser mais específico - e também com o olhar torto que fazemos quando encontramos outros latinos pelas ruas das cidades.

Ora, com a intenção do Brasil de acolher Manuel Zelaya, várias manifestações contrárias - e claro, da Rede Globo e seus irmãos reacionários e conservadores - vieram a tona e sem nenhum escrúpulo. com a campanha presidencial aqui já está dada, vale tudo pra atingir a imagem do presidente Lula.

Dessa forma, a população já está ficando atenta ao que aconteceu por lá e, de repente se vê como um agente de opinião para pessoas que nunca tinham "visto". E fico feliz de, por um momento estarmos conversando sobre o nosso continente historicamente lutador e resistente.

2º - Outro ponto que impressiona é a coragem do presidente Lula de se expor. Assume a responsalibilidade que covardemente seus antecessores nunca assumiram e acolhe um presidente democraticamente eleito e autoritariamente derrubado. É uma postura polítca que vai forçar o EUA a se manifestar e a também tomar uma posição. Um país com proposrções continentais ocmo o Brasil, quando toma uma postura dessas, mexe com o resto do continente.

E os EUA, meu amigos, TAMBÉM FAZ PARTE DA AMÉRICA LATINA!!! Vejam só.

Agora, é nós percebermos nossa resposnabilidade de tbém atuar na política da Amércia Latina e entender que de uma hora pra outra, teremos que nos mexer e parar de assistir disney e discovery pra também nos depararmos com golpes bem mais duros que ainda estão por vir.

E o Brasil está na mira.

Mas isso é um outro assunto.

sábado, 19 de setembro de 2009

Morro de Dó Mas nem Ligo





Se, numa canetada, acabassem os incentivos fiscais destinados à cultura, os palcos brasileiros esvaziariam. Mesmo aqueles ocupados por artistas que, na discussões sobre a nova Lei Rouanet, têm sido definidos como "consagrados". As bilheterias sozinhas, salvo exceções, não pagam peças, shows e filmes feitos no país. O mercado da cultura brasileiro não é autossustentável.

"O artista famoso precisa de lei", crava Sergio Ajzemberg, que trabalha com marketing cultural. "Existe um circuito fechado de artistas que vivem de Lei Rouanet", diz Juca Muller, produtor de shows nacionais (Detonautas) e internacionais (Earth Wind & Fire). "As empresas querem associar suas marcas aos grandes nomes, não a desconhecidos." As leis, além de tornarem mais visível quem já tem nome, inflaram os custos e agigantaram o mercado cultural. Mas teria o público acompanhado esse ritmo? Os números indicam que não.

O dinheiro de imposto que as empresas destinam à cultura beneficiou certos artistas, mas não chegou à população. É esse descompasso entre produção e acesso que tem feito com que sejam contestados projetos bancados com lei e, ainda assim, caros. "Os automóveis têm redutor de IPI e as pessoas entendem o porquê. No caso da cultura, isso não é totalmente aceito", diz o advogado Fábio de Sá Cesnik. "Todo mundo diz que o teatro é caro. É? Alguém sabe quanto eu gasto para produzir uma peça?", pergunta Antonio Fagundes.

E quanto custa a turnê de um músico? A bilheteria é capaz de bancar todos os custos?

Depende. Leninha Brandão (que trabalha com Vanessa da Mata e Lenine) diz que precisou captar R$ 660 mil de uma empresa de cosméticos para que Lenine fizesse um disco e shows em diversas capitais do país com ingresso a R$ 40.

Já Marcelo Lobato (de Marcelo D2 e Pitty) afirma que a bilheteria paga as despesas. "Faço a agenda de meus artistas e vendo os shows para contratantes locais. Ou esses contratantes pagam os cachês usando bilheteria ou se viram para arrumar patrocínio."

A discussão torna-se ainda mais complexa quando a cultura confunde-se com o entretenimento --em tese, comercialmente viável. "Quem trabalha com entretenimento tende a entregar às pessoas o que elas querem, ou seja, pensa no freguês. Às vezes isso tem ligação com a cultura, às vezes não", delimita Pena Schmidt, superintendente do Auditório Ibirapuera. "Mas essa linha é tênue", diz, lembrando que, do rei que encomendava obras a um artista, passando pelo Estado e pelas gravadoras, a música sempre foi subsidiada.

Schmidt se pergunta se poderia ser diferente. E responde: "Com a estrutura de teatros que temos, não. Fala-se muito nos cinemas, mas os teatros também foram vendidos para igrejas. Por não haver incentivo para a construção de teatros, proliferou a indústria do montar e desmontar palcos. Nas casas pequenas, o que banca um show é a venda de bebidas."

No Auditório Ibirapuera, a bilheteria responde por 10% do orçamento da casa. Parte é bancado pela TIM, sem leis, e parte vem do aluguel para eventos fechados. No Teatro Alfa, a conta é semelhante. A bilheteria responde por 20% do orçamento. Metade da arrecadação vem dos patrocínios e 30% do aluguel para eventos.

Segundo Elizabeth Machado, superintendente do Alfa, um espetáculo orçado em R$ 600 mil rende, na bilheteria, cerca de R$ 100 mil. Por que a conta não fecha? "Porque eu teria de cobrar R$ 400 reais. E aí a conta não fecharia porque o teatro não lotaria." O produtor Emílio Kalil, que trará o grupo de Pina Baush para o Brasil, ainda não conseguiu patrocínio e, apesar dos ingressos esgotados, antevê o prejuízo. "A temporada custa R$ 1 milhão. São 58 pessoas, dois contêineres, dez dias de hotel, locomoção, estrutura técnica. É uma estrutura caríssima, que o público não vê, diz.

E antes das leis, como isso era pago? Em primeiro lugar, é preciso dizer que, pós-leis, cerca de 100 mil empresas prestadoras de serviço --de alimentação a luz-- se oficializaram para entrar na engrenagem de notas fiscais e prestação de contas. "Se você quer filmar numa esquina, o dono da padaria te cobra. Há 30 anos não era assim", exemplifica o cineasta Hector Babenco. Mas há outras respostas.

"Muitos produtores iam chorar no colo dos governos", diz Kalil. "O governo brasileiro, historicamente, trabalhou com incentivos. Nos anos 1970, as gravadoras tinham desconto nos impostos se investissem em artistas nacionais", diz Cesnik. Há quem vá mais longe. "Tínhamos uma população acostumada a ir ao teatro, ao cinema", diz Ajzemberg. É essa uma das diferenças entre o Brasil e os países europeus. "A média da população brasileira não consome cultura."


Folha de SP - Ana Paula Sousa e Thiago Ney

Sobre a Nota enviada à Imprensa a respeito da ELT, a Comunidade escolar tem a dizer o seguinte:


Nossa questão essencial, que para a Prefeitura - por desconhecimento ou conveniência - continua sendo tratada apenas como coisa acidental, é que não se trata de um ingênuo "ajuste" administrativo, como se quer fazer crer. Depois de oito meses - não são oito dias - de incessantes tentativas de diálogo com a enviada pelo governo e com o Secretário, o que temos visto é o desmantelamento diário do projeto ELT nos seus aspectos mais essenciais, já relatados: o da gestão democrática e o de uma pedagogia específica, esta em bases radicalmente experimentais e livres, sobre a qual estão assentados três pressupostos, estes sim, inegociáveis (mas que não definem um "modelo", como diz a nota - definem uma prática aberta):

1) O de que o mestre da ELT e suas coordenação sejam ARTISTAS com algum lugar de inquietação no panorama teatral e oriundos de experiência artística que esteja contribuindo de alguma forma com o alargamento das linguagens do teatro no Brasil ;

2) Que este mestre tenha vocação para dividir com os aprendizes não um "programa de aula", mas uma experiência artística e de maneira horizontal - com suas variações estéticas e técnicas, que é a Experiência do próprio artista, aqui colocado na posição de mestre. Não é por mero formalismo que não adotamos os termos "professor" e "aluno" ("aquele que não tem luz") na escola. É que não há uma grade curricular pronta, nem toda aquela visão do ensino "bancário", como diz Paulo Freire, que vê o aprendiz como um receptáculo para o "depósito" de informações muitas delas estranhas ao seu próprio desejo de SER no mundo. O que há é uma relação de parceria entre criadores, mestres e aprendizes, de maneira que o "programa" de aula vá se estruturando neste encontro livre entre um repertório artístico já sedimentado, mas em pleno e inqueto movimento (o do mestre) e o universo de expectativas de expressão daquela turma específica de aprendizes e as suas visões de mundo. Isto não é simples, é sempre um desafio complexo, mas que tem resultados extraordinários tanto para os aprendizes quanto para os artistas que se colocam esta tarefa. Sobre isto, temos o maior orgulho em dizer que uma parte considerável entre os mais importantes artistas do cenário nacional "aprenderam a ensinar" teatro na ELT e esse aprendizado foi fundamental para alimentar as suas próprias práticas artísticas. Consulte artistas do porte de Cacá Carvalho, Tiche Viana, Luis Alberto De Abreu, Antônio Araújo, Hugo Possolo, Sérgio de Carvalho, J.C. Serroni, Denise Weinberg, Cristiane Paoli Quito, Francisco Medeiros, Márcio Tadeu, Cláudia Schapira. E veja o que eles têm a dizer sobre este aspecto.

3) O exercício da gestão democrática - Não precisamos de lições de democracia porque nossa prática a respira, dia a dia. E aqui não se trata de uma falácia - que o papel aceita pacificamente e os correios eletrônicos enviam pacificamente às redações dos jornais. Trata-se de um exercício ordinário feito na Escola, que encontra espaço dentro do próprio processo pedagógico - em que os lugares de professor e aluno são substituídos pelos lugares de parceiros de criação e pensamento - e nos incontáveis fóruns coletivos de discussão e deliberação dos problemas da Escola - nos quais, diga-se, o papel de protagonismo nem é dos mestres, mas dos aprendizes. Não é à toa que são eles - os aprendizes - que agora lideram as manifestações de rua, os contatos com os vereadores da cidade, os contatos com a Imprensa. É que há uma noção de pertencimento plantada no mais íntimo de cada um deles. Eles têm consciência de que a ELT não é do governo de plantão, mas da comunidade que a constrói dia após dia, em uma experiência que é exemplar para todos, em termos artísticos, éticos e políticos.

Com este breve relato - que nem de longe alcança todos os pormenores de um projeto de formação complexo como o da ELT, mas que aponta o seu essencial - temos certeza que os argumentos da "Nota à imprensa" divulgada pela Secretaria não sobrevivem.

Quando o Secretário demite sumariamente o mestre Edgar Castro, há onze anos um construtor efetivo deste projeto; e quando envia para a Escola alguém que não tem a menor idéia do que significa a criação teatral verdadeira e julga uma aberração as práticas de convivência e criação relatadas acima, não nos parece que isso deva fazer parte da paisagem. Seguindo os mesmos pontos elencados acima como os fundamentos do projeto, reafirmamos que trata-se de uma operação de desmonte da essência, articulada em um discurso que parece inofensivo, mas que a própria prática desmente. Por isso permanecem algumas contradições, que gostaríamos de ver esclarecidas.

- A escolha da coordenadora, amiga de infância do Prefeito Aidan Ravin, em bases afetivas, na prática da política não como coisa preocupada com a Pólis, com a cidade, mas com os ambientes da intimidade, com os laços fraternos e particulares de afeto, a velha confusão conveniente entre o público e o privado. A esse respeito, a Secretaria em sua nota reafirma os anos de magistério da Professora Eliana Gonçalves - o que para nós não diz nada, porque a ELT se afasta deliberadamente das coordenadas do ensino formal. Mas aqui o problema é ainda maior: é que a nova Coordenadora, passados estes oito meses, até agora não propôs linha pedagógica NENHUMA, nem as elencadas na nota da Secretaria, nem nenhuma outra. A Comunidade escolar permanece, neste tempo, esperando que o declamado repertório venha à tona, para que possamos colocá-lo em movimento à luz da História da ELT.

No capítulo "Experiência artística" o caso parece ser ainda mais grave, pois salvo engano, a despeito da sempre lembrada mas nunca esclarecida Experiência, a Professora Eliana Gonçalves, é um exemplo provavelmente sui gêneris de artista anônimo, de quem nunca se ouviu falar, sobre quem a classe artística nunca ouviu nenhuma notícia de criação relevante. Também estamos há oito meses - desde que ela se apresentou aos mestres da ELT dizendo gentilmente que não conhecia nenhum deles - à espera da Obra e dos prêmios conquistados "desde os 17 anos", como diz a nota. Gostaríamos de saber por que esta carreira adormecida foi agora repentinamente lembrada, em nota à imprensa, e NUNCA compartilhada no ambiente escolar, como é a prática mais fundamental da Escola. Esta seria uma ótima oportunidade de a Prefeitura prestar contas sobre as suas escolhas em um campo mais técnico e menos afetivo.

- A redefinição dos espaços de convivência coletiva da escola, transformados em feudos, ambientes privados e de uso pessoal, acrescida de uma política administrativa que "disciplina" não só estes espaços, mas os próprios lugares de poder - antes horizontalizados e agora verticalizados na forma do "professor manda, aluno obedece", "coordenador decide, professores cumprem". Não se trata, como parece crer o Sr. Secretário, de "organizar a casa". Trata-se de uma operação de "higienização" e substituição dos lugares da convivência comum, onde o contato comunitário viceja e, no lugar destes, a criação de espaços pautados na hierarquia e no mando, em tudo estranhos à nossa identidade. De novo: o que é tomado como acidente, como "questão de ajuste" para nós é essência.

- Cortaram a cabeça da Escola e salvo engano planejam - pelas especulações e ameaças veladas feitas pela nova coordenadora - cortar os seus membros, na sequência, provavelmente para dar prosseguimento à política do "empreguismo amigo" já iniciada. Isto é um fato que merece esclarecimento. Até agora a Prefeitura não justificou tecnicamente a saída do mestre Edgar Castro - este sim, um artista verdadeiro (hoje do elenco da premiada Companhia Livre). A Comunidade espera uma justificativa factível.

Por fim, mas não menos grave, há duas questões: a dos investimentos na Escola e a questão da legitimidade do governo eleito.

Quanto à primeira, o investimento anunciado na Escola é o usual, herdado da gestão anterior. Não há ampliação dos serviços e do atendimento à população. Reconhecemos, entretanto, que isso não é pouco. No recorte é atitude admirável e demonstra a disposição do governo eleito em preservar estruturalmente o projeto. Mas, como relatado acima, isso não diz tudo. Preservar a Escola modificando nela o essencial é o mesmo que manter dela apenas a fachada e usar a sua História arduamente construída em benefício de práticas em tudo estranhas a ela.

Quanto ao tema da legitimidade do governo eleito, consideramos que há um equívoco, uma inversão preocupante na nota do Secretário enviada à imprensa. O fato de o Prefeito ter sido eleito pelo voto não dá ao governante o direito de fazer com os equipamentos públicos o que bem entender. É PRECISAMENTE, justamente porque ele foi eleito democraticamente que, democraticamente, a Sociedade Civil pode, e deve, colocar em questão as práticas de governo. Entendemos que uma eleição é um acordo ético entre o eleito e os cidadãos. Se o eleito não cumpre minimamente o acordado, a Sociedade deve se posicionar criticamente - é o que neste momento está acontecendo, quanto à ELT.

É o que a Comunidade ELT tem a dizer.

Santo André, 18 de Setembro de 2009

Escola Livre de Teatro de Santo André - matéria no Estado de Sâo Paulo


Matéria da Bete Néspoli

Era o início de um movimento de aprendizes e mestres da ELT pela preservação de um modelo pedagógico que consideram ameaçado. Entre outras coisas, pediam a transferência da coordenadora administrativa Eliana Gonçalves, nomeada no início do ano. Nomeação que, em nota enviada anteontem à imprensa, o secretário reafirma, mantendo o impasse entre o poder público e o corpo docente e discente da escola.

Criada há 19 anos, a Escola Livre de Santo André tem projeto pedagógico baseado num modelo de gestão participativa que se tornou referência nacional. Aprimorado ao longo dos anos por prestigiados criadores teatrais como a diretora Maria Thaís e o dramaturgo Luis Alberto de Abreu, esse modelo de gestão e criação artística funda-se na horizontalidade de funções - diferentes, mas não hierarquizadas. Todas as ‘disciplinas’ estão intrinsecamente ligadas num sistema de ensino multidisciplinar, senão berço, certamente principal incubadora do chamado processo colaborativo que além de render belas criações para a cena é tema de estudos, entre eles da tese de doutoramento defendida por Antonio Araújo, o premiado diretor do Teatro da Vertigem (O Livro de Jó, BR3).

Pois é esse modelo de gestão pedagógica que os manifestantes consideram ameaçado. Procurado pelo Estado, o secretaria de Cultura Edson Salvo Melo enviou uma nota à imprensa por meio de sua assessoria de comunicação. "Estamos preservando todo o processo pedagógico e artístico elaborado no decorrer das décadas de existência da Escola Livre de Teatro de Santo André, ressaltando que uma escola livre não pode estar subordinada a um modelo pedagógico específico, porque isso já pressupõe o seu enrijecimento. O processo artístico da criação deve ser livre para todas as abordagens pedagógicas: humanista, construtivista, tradicionalista, tecnicista, inclusive a democrática", argumenta num trecho da nota.

O movimento pela preservação da ELT - assembleia permanente e atividades suspensas - teve como estopim a demissão, no dia 8, terça-feira, do coordenador pedagógico da ELT, Edgar Castro, há 11 anos na escola. Como os demais que ocuparam esse cargo, ele foi eleito pelo corpo de mestres. A responsável pelo ato de desligamento foi a professora Eliana Gonçalves, nomeada coordenadora administrativa da ELT no início do ano. "Foi só a gota d’água dentro de uma sequência de desencontros para os quais eu vinha tentando mediação desde a sua nomeação", diz Edgar Castro.

É prática na escola a tomada de decisões a partir da escuta do corpo de aprendizes realizada em assembleias mensais e dois fóruns anuais. "Quando a professora Eliana entrou, fizemos questão de redigir um longo documento sobre a escola como forma de acolhê-la. Mas desde sempre ela se mostrou arredia ao processo; não participava das assembleias e nem do Fórum, mesmo estando dentro da escola", diz Castro. "Há uma atitude que considero simbólica: a sala da coordenação era o local da reunião de mestres. Pois ela refez o espaço para transformá-lo em sala particular."

Contatada pelo Estado por meio de seu celular, Eliana Gonçalves atendeu na terceira ligação, mas se recusou a dar entrevista. Segundo ela, diante da situação "delicada", a ordem de não falar veio da secretaria de Cultura. Questionada se não seria importante falar, retrucou: "Para isso a gente tem assessoria de imprensa." Na nota à imprensa, o secretário Salvo Melo, em resposta ao documento que lhe foi entregue pelos manifestantes (leia na íntegra no blog do movimento) reitera, no primeiro item enumerado, a manutenção da coordenadora. "Eliana Gonçalves é uma profissional com carreira dedicada à pedagogia do ensino e às artes cênicas. Tem 35 anos de carreira artística e 28 de magistério, tendo recebido seu primeiro prêmio de direção teatral aos 17 anos."

Mas em outro trecho do documento admite equívocos. "Determinadas posições, principalmente em relação ao espaço físico, podem e serão reavaliadas em conjunto com os demais membros da comunidade ELT", escreve em outro trecho. "Conhecer o processo criativo que a ELT adota, contudo, é um caminho diário que deve ser trilhado para o profissional artista que pretende atuar dentro da escola. Por isso, concordamos com a comunidade que este conhecimento deve ser aprofundado e trabalhado para um melhor entrosamento e afinamento entre os alunos, a coordenação e os professores."

Por enquanto , ao que tudo indica, o impasse continua.

Uma Refeição a Mais


E não é que o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PFL, DEMo, PSDB - é tudo a mesma coisa) voltou a sua decisão de tirar as refeições de milhões de crianças?!

Que bonito. a população de SP se mexeu - coisa rara há anos - e fez o prefeito de plantão, plantado pelo atual governador do Estado José Serra (PSDB, PFL, DEMo - é tudo a mesma coisa) tivesse que engolir seus argumentos assinados por técnicos da gestão pública, um horror, e engolido a seco uma decisão descabida.


Engraçado que José Serra, que quer porque que quer ser presidente do BRasil - que medo - em 2010, no dia seguinte disse que não apóia mais seu pupilo às eleições para o governo do Estado.

Ora, meu amigo. Isso tá me parecendoaquela época quando o Maluf se apoiou no Celso Pitta para de eleger prefeito e depois disse que não tinha nada a ver com aquilo e bla, bla, bla.
Esses meninos da direita não aprendem mesmo.

Mas nós da população estamos aprendendo. E rápido.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Uma Refeição a Menos


Pois bem meus amigos. A gente fica pensando aqui que algumas coisas não vão mais acontecer no Brasil porque agora pega mal tomar atitudes politicamente incorretas, num é mesmo?

E num é que Kassab (foto) - o prefeito de SP - vem e quebra essa regra? Ele é craque nisso.

A última do prefeito do PFL ou DEMo (é tudo a mesma coisa) que tem a sustentação do pérfido governador de SP José Serra (foto) do PSDB, ou PFL, ou DEMo ( e tudo a mesma coisa) é que as creches terão uma refeição A MENOS a partir de segunda feira.

A idéia é reduzir gastos. Mas, como foi uma prática na era FHC (que ACM o puxe pro inferno o mais rápido possível) quando o jeito era reduzir custos da máquina pública, a área social era quem sofria primeiro e, na maioria das vezes, sempre.

Depois de tirar 20% dos garis que limpam a cidade de São Paulo, essa atitude vem mostrar, cada vez mais, quem realmente é o senhor Gilberto Kassab. Incrível quando penso que a população de São Paulo está tão ensimesmada que não percebe o mal que esse senhor já fez em tão pouco espaço de tempo.

Por muito menos já se manifestaram. Ahhh, mas me lembrei: da últiam vez eram os brugueses que ficaram chaateados porque os vôos nacionais e internacionais estavam atrasados e fizeram aquela palhaçada chamada Movimento Cansei. Tava bom demais pra ser verdade.

Mas onde é que eu estava mesmo? Ah, sim... Fico pensando o que precisaremos fazer, o quanto de atrocidades o PSDB, PFL, DEMo (é tudo a mesma coisa) terão que fazer para mudarmos de figuras, de novas propostas de trabalho.

É muita cara de pau tirar alimentação de criança.

Porque distribuir melhor a renda na cidade ninguém distribui; cortar gastos públicos ninguém corta; melhorar as políticas socias ninguém melhora, mas desestruturar a cidade, ahhh, isso é fácil.

Não me resta muita coisa a não ser divulgarmos esses "feitos admiráveis" dessa corja de políticos atrasados que só fazem é maltratar essa população que tanto trabalha e tenta construir uma vida com um pouco mais de dignidade.

Que vão para o limbo todos. Fico aqui esperando até chegar a minha hora.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Expresso Leste pra quem mesmo?



Hoje, 15 de setembro de 2009 estava eu as 5h50 nos trens da CPTM - aquele que o José Serra tem a cara de pau de chamar de Expresso Leste. Estou em Suzano e vou para o Brás.

Meus amigos, é uma aventura incrível e não os convido a conhecer.

E não to a fim de falar da minha vida sofrida porque isso não importa pra ninguém. Mas é preciso denunciar porque senão ninguém mais faz. Folha de São Paulo, Estado de Sâo Paulo, Diário Popular, Veja (urgh), Isto É, Época e tantas outras revista e jornais da imprensa - nem vou falar na Globo porque é óbvio - simplesmente se negam a denunciar o desconforto, o descaso e a falta de uma política real de transporte coletivo para o Estado de São Paulo.

São pessoas que são jogadas para dentro do trem a procura de poder entrar e muitas vezes causam acidentes e as mulheres são as principais vítimas: ficam em posições desconfortáveis e são abusadas por aqueles que simplesmente não a respeitam e fica um situação explícita de impotência perante a circuntância que é imposta pelo trem que passou do nome de lotado para entupido.

Mas o PSDB faz bem o seu papel, coloca cartazes nas composições dizendo que o Estado de São está trabalhando no maior plano de expansão da CPTM. Mais ocmposições, menor tempo entre os trens. E por aí vai.

mas há de se considerar que isso não é o suficiente e, pelo tmepo que o PSDB já está nesse Estado, já era tmepo de melhorar a vida do trabalhador no transporte coletivo. Porque é sabido que não é só nos trens que acontece: são nos ônibus, vans, metros, micro ônibus e tudo quanto for outro meio de transporte.

É a política de José Serra que, além de arrogante nas suas falas, trata o assunto com uma enganação que é escondida pela mídia.

Mas não dá mais. Quem vive aquela dura realidade, sabe que o Serra não engana mais.

E salvem a nossa coluna, Ninguém merece aquilo todos os dias.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Movimento só se faz na Prática


Há na região um discurso corrente entre os grupos de Teatro e seus líderes sobre a importância do movimento da classe para que consigamos consolidar algumas propostas junto ao poder público. Não é uma tarefa fácil porque tá todo mundo correndo atrás do seu e se juntar pra discutir políticas que podem ser implementadas daqui há dois ou três anos requer paciência.

Mas acredito que há um aviso que temos que ficar atentos. O golpe que a Prefeitura de Santo André deu na Escola Livre de Teatro de lá, reflete que o movimento deve estar sempre presente e nunca descansar de perceber as ameaças que insistem em nos surpreender (e parecem que sabem quando nos surpreender) e evitar danos que as vezes podem ser irreversíveis.

Aqui no Alto Tietê, uma região rica e que aglomera mais de 2 milhões de pessoas, os movimentos da classe estão pífios e os governantes ainda fazem a festa nas nossas costas. Como se não bastasse, temos que lidar com egos inflados de pessoas da nossa profissão e a sedução de passar por cima daqueles que ainda não estão preparados pra entrar no mercado cultural.

A falta de percepção que todos são importantes e que ilhas de produção artística não sobreviverão sem a ajuda dos demais companheiros de luta ainda não é uma constatação.

E isso assusta.

Passou da hora do movimento, que está sendo encabeçado por alguns líderes, ter essa maturidade e trabalhar, na prática, para ações conjuntas porque nada acontece sozinho e daqui a pouco, se não houver um jogo junto, estaremos fadados a trabalhar isolados, cada um pensando em seu próprio umbigo e fazendo o discurso de "trabalhar juntos".

Mas estou atento a essas movimentações e sei que aqueles que pensam que todos dormem, agora sabem que alguns estão de olhos bem abertos.

Movimento é coletivo. E na prática.

domingo, 13 de setembro de 2009

Antonio Nóbrega varreu a praça




No sábado, dia 12 de setembro, Antonio Nóbrega (fotos) fez um show daqueles em Suzano. E foi do jeito certinho, certinho: na praça com a presença do pessoal do maracatu, circo, catira, capoeira, kung fu(!), caruriá e outras manifestações populares.

Um encontro especial.

No meio do show, Nóbrega descia várias vezes pra dançar, cantar e se divertir com a platéia. E assim ele consolidou a generosidade e carisma que as cultura populares possuem uma vez que, mesmo com toda a massificação que a indústria cultural impõe, essas manifestações, mesmo que tímidas e de canto nas comunidades, resistem e mostram a sua cara e cativam quem vê.

De uma singularidade no que se refere a qualidade do repertório, com uma banda muito divertida e jogand junto com o Nóbrega que não descansava. Ficava pulando, brincando (como um bom brincante) e se divertindo junto com a gente.

Ponto alto quando convocou - no meio da platéia - uma roda gigante que se tornou 3 cantando junto com centenas de pessoas que já não identificavam o músico como o protagonista da festa, mas apenas uma pessoa que nos ajudava a sorrir em tempos tão cruéis.

Quem foi sabe.

Pra quem não foi, o que resta é se contentar com essas linhas miúdas.

fazer o que né.

sábado, 12 de setembro de 2009

ESDRÚCHULO (ou QUE PORRA TÔ FAZENDO AQUI)?



Quinta-feira, por uma questão de consciência de classe, vergonha na cara de cidadã e trabalhadora da arte suzanense, estive na 2ª noite da Pré-Conferência Municipal de Cultura que aconteceu no Centro Cultural de Suzano.

Fui correndo (estava no médico em Ribeirão Pires, TENTANDO dirigir na Rod. Índio Tibiriçá) para pegar parte da fala do Dep. Estadual Vicente Cândido, autor da Lei de Fomento ao Teatro do Município de São Paulo, e de muitas emendas à cultura no estado. Grande cidadão e defensor da arte (e corinthiano, diga-se de passagem), artigo raro entre os políticos (de direita e de esquerda). Perdi sua fala inicial, mas ouvi Edson Lima, cientista social e produtor cultural, que com certeza tem muito a oferecer e explanar, com sua competência e currículo. Não nesta ocasião.

O tema era "Financiamento, Sustentabilidade e Cultura no Mercado de Consumo". Ok, ok... temos que saber das leis e mecanismos que podem financiar nossos trabalhos, nos apropriar delas para TENTARMOS ter grana para viabiliza-los.

Mas, pelo amor de Deus, NÃO SERÁ A LEI ROUANET, mesmo com todas as suas alterações e discussões, que nos proporcionará renda. A Lei Rouanet não nos atende, por uma única razão: a iniciativa privada não está interessada em teatro de grupo. E ponto final.

Desafio qualquer pessoa a provar que estou errada: faça teatro de grupo em qualquer cidade do Alto-Tietê (ou em qualquer cidade do Brasil, pode ser São Paulo) e me mostre financiamento privado em qualquer produção nos últimos... 509 anos. Mas vc não pode ter um diretor fodão, fazer parte do projeto Criança Esperança e nenhum global no elenco, ok?

Absurdo é chamar de esdrúchula (sei lá como se escreve) uma Lei que faz com que grupos tenham o mínimo de subsídio para os seus espetáculos e manter seus espaços culturais abertos. E grande parte desses grupos tem um trabalho social com a comunidade: vide como exemplo o Folias D'arte, que tem seu galpão no bairro paulista de Santa Cecília, e que leva oficinas, discussões e vende ingressos com descontos para moradores da região, além de revitalizar a Rua Ana Cintra. Esse trabalho seria possível sem esse recurso? Esses grupos e seus trabalhos refletem sim o pensamento das comunidades em que estão inseridos, e não presos nos próprios "umbigos-criadores-de-artistas-phodidos", até mesmo porque seus trabalhos não seriam nada relevantes para o fazer artístico do país se assim fosse.

Não se pode dizer que cultura é artigo de primeira necessidade (termo usado por diversas vezes na ocasião e nem sempre corretamente) sem pensar que ela merece atenção tanto quanto educação, saúde, segurança e todas essas outras pautas.

E como todas elas, é SIM obrigação do poder público. É obrigação dele fazer com esses trabalhos artísticos sejam apresentados com qualidade e acesso a população, e que não sejam APENAS ENTRETENIMENTO, mas também instrumento de transformação social, política e pessoal.

É preciso ter muito cuidado quando se dirige aos artistas de uma cidade. Assim como o deputado, em sua fala final, que disse que é preciso fazer um trabalho dia-a-dia com o tucanato e democráticos (aham, cláudia...) para se convencer que cultura gera mais emprego e renda do que a indústria automobilística, não se pode dizer que é gasto de dinheiro público quando não se enche teatro.

Minha arte tem que ter a livre escolha de colocar quanto quiser no espaço, assim como de celebrar com quantos quiserem celebrar. A peça do Antônio Fagundes (que roubou o título de uma peça do meu grupo!!!!) não é mais digna que a minha por lotar o Teatro FAAP de senhouras burguesas que pagam 80,00 o ingresso (com Lei Rouanet...). Os teatros públicos estão aí para serem ocupados, sejam com 10, com 50 ou com 500. É o meu trabalho que leva pessoas a esse espaço. Não existe gente acampada em frente ao Teatro Municipal Dr. Armando de Ré esperando para acontecer um espetáculo. Não existe carro na frente de bois.

Bem, este é o meu desabafo.

Depois de encerrada a reunião, fui apertar a mão do Edson, como quem encara de frente seu oponente.

É por conta de pensamentos semelhantes que estamos encontrando dificuldades para criar o programa (que queremos que seja lei) de Fomento ao Teatro de Suzano. Por isso conclamo todos os meus companheiros a estarem juntos (por mais que isso seja utópico - a classe teatral suzanense se nega a pensar - mas isso é pra um outro desabafo) dia 26 de setembro, na Conferência Municipal de Cultura bradando mais uma vez que somos trabalhadores da arte e queremos ser tratados com o devido respeito que nos é de direito.

E sei que nosso prefeito Marcelo Candido está do nosso lado nesta luta, já que é mais um daquele grupo raro de políticos como o Deputado Vicente.

É só o que falta para Suzano virar referência definitiva em cultura.

Tuane Vieira
Membro do Teatro da Neura e Presidente da APAC, e quebra um prato quando ouve a TV Globo chamar alguém de criminoso.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Viva a Escola Livre de Teatro de Santo André

A luta pela ELT é uma luta da classe. Uma luta de classe.

É uma luta que devemos travar para que outras conquistas - e nem to falando só de Santo André - não sejam perdidas nesse monstro neo-liberal que estão - ainda - tentando nos empurrar goela abaixo.

Não dá. Temos que falar pra todo mundo e dizer nomes. Estamos falando de uma aliança que elegeu o Sr. Ravin do PTB, mas que teve o apoio do PSDB, DEM que hoje representam o que é de mais perigoso em política no Brasil.

E nem precisa ir longe ou dizer que é só lá. Em Mogi das Cruzes o prefeito Bertaiolli (DEM - PSDB) quando entrou fechou o Teatro Municipal e o Espaço do Meio Clarice Jorge para apresentações. Os dois - pasmem - únicos espaços públicos para apresentações fechadas: o cara teve a coragem de fechar 2 meses depois que entrou.

E agora que abriu o Teatro Municipal chama o Bellet Stagium que nada tem a ver com a cidade pra mostrar pro povo que lá é lugar de gente que pode, e o povo não está convidado pra festa.

Se quiser que pague a entrada ou a taxa pra se apresentar.

É política dos caras mesmo.

Então amigos, fiquemos atentos. Não dá pra deixar de ser radical contra quem nunca aliviou pro nosso lado.

Bando de incopetentes. E querem governar esse país ainda. Que medo...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O que você vai fazer dia 11 de setembro de 2009?


Já é sabido o quanto que o racismo está mascarado na sociedade brasileira e como a gente faz questão de esconder isso.

Também sabemos que há aqueles que querem mais é ver o circo pegar fogo e que se danem os negros.

há aqueles que dizem que cota para negros é racismo ao inverso e que se o cara for bom ele entra numa universidade pública independente da cor, e aquelas baboseiras e mais baboseiras e mais baboseiras.

Pois bem. Não é para esse tipo de gente que estou falando isso.

Para aqueles que se preocupam, há um chamado:

ATO DE DESAGRAVO A JANUÁRIO ALVES DE SANTANA

Januário foi um negro que foi espancado pelos seguranças (provavelmente descendentes de negros) da rede de Supermercados Carrefour no dia 07 de agosto desse ano.

Como o Governador José Serra faz parte da elite branca que domina esse país há séculos e seu partido PSDB não tá nem aí pra movimentos sociais e causas negras, os movimentos que pensam e querem justiça social farão um ato de denúncia e repúdio à violência que ele sofreu e também à omissão do governador - e o cara quer ser presidente...que medo.

Ah, só pra lembrar, ele foi acusado de tentar roubar um carro só porque estava em frente de um. Detalhe: o carro era dele. Bem, mas sem maiores detalhes porque conhecemos essas histórias há tempos.

Se você não for fazer nada de interessante, mude seu itinerário e esteja lá.

E vamos aí nessa luta incansável - mas que tanto cansa - em defesa daqueles que querem a nossa cabeça sendo nós negros ou não.

Pega aí o endereço:

Rua George Easman, 280 - Sede Nacional do Carrefour (próximo a Ponte do Morumbi)

Você chega lá com o ônibus real Parque 6418-10 na rua Riachuelo,70 - no Largo São Francisco, no centro de Sampa.

Escola Livre de Santo André em Alerta


A Escola Livre de Teatro, projeto artístico-pedagó gico que se afirmou como referência para a formação de atores no Brasil e que se aproxima agora dos seus 20 anos de enraizamento na cidade de Santo André, acaba de sofrer um golpe violento: seu coordenador, o ator Edgar Castro, foi sumariamente demitido – para que novamente se plante a velha e já conhecida política de desmantelamento dos quadros críticos que ali atuam e que têm conduzido com diferencial criativo a trajetória da Escola.

É assustador, mas nada novo: foi exatamente assim que as coisas aconteceram há aproximadamente dezessete anos atrás, quando houve a chegada do prefeito Newton Brandão (PSDB) ao poder. Este prefeito e seus secretários brutalizantes realizaram a mesma operação de desmanche da ELT agora proposta – criando intervenções absurdas e condições precárias de trabalho que feriram frontalmente a manutenção de seu projeto pedagógico.

Um projeto contundente como este (radical desde seu nascedouro, quando foi parido pela artista Maria Thaís Lima Santos, hoje professora doutora da USP; e coerentemente transformado pela experiência, pelos seus diversos mestres, em todos estes anos), para se preservar, não pode dialogar com a descarada mediocridade de idéias e, muito menos, com a mera reprodução de modelos falidos que vigoram nos sistemas educativos corriqueiros.

A ELT nasceu e sempre foi diferente e é justamente sua diferença o que lhe confere os louros amplamente colhidos como “projeto que deu certo na cidade de Santo André” e que se tornou referência nacional de ensino de teatro (hoje, chegam pessoas de todo o país para estudar na Escola Livre).

Não bastasse a plena e profunda desaprovação de toda a comunidade da Escola em relação a esta atitude autoritária, o que se percebe claramente é o sucateamento do projeto radical de formação de atores (que sempre esteve baseado no diálogo e na autonomia criativa – daí o nome “Livre” que lhe consagrou).

Para piorar a situação, a atual Secretaria de Cultura (que se gaba por produzir festas com música sertaneja na cidade) quer fazer engolir, de cima pra baixo e irresponsavelmente, o descarado clientelismo, impondo como figura de liderança para a Escola uma amiga de infância do atual prefeito do PTB, Dr. Aidam. Esta senhora, uma desajeitada tal de Eliana Gonçalves, é pessoa absolutamente desqualificada para ocupar tão função e completamente desconhecida nos meios teatrais (diferença brutal em relação aos atuais mestres).

Que uma prefeitura não tenha bons projetos culturais, especialmente quando eleita de supetão e susto, é até comum. Mas quando a falta de projeto vem acompanhada de corrupção (quase nepotismo!) e mediocridade, é ponto revoltante que deve ser comunicado a toda a comunidade, na imprensa e no boca-a-boca (especialmente em casos como este, já que o prefeito Dr. Aidam prometeu, em sua posse, manter vivos os projetos que funcionassem bem na cidade).

Hoje a Escola Livre de Teatro recebeu um duro golpe. Mas quem sai machucada mesmo é a cidade de Santo André. Começamos a ver o rosto do lobo por trás da máscara de cordeiro!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Os Tempos Estão Líquidos


Zygmunt Bauman, um sociólogo polonês - pois americano não seria - escreveu uma série de livros onde discute a degradação social, mas a partir de um ponto bem específico que os partidos políticos de esquerda ainda não se adaptaram - apesar de negarem isso até a morte - que é o homem enquanto homem mesmo (aquele que o Marx falava há não sei quantos anos!!).

E no livro Tempos Líquidos editado pela Editora Zahar ele aborda uma questão que convivemos todos os dias que é a insegurança.

- Você se sente inseguro?
- Já pensou em cuidar da segurança da sua família, propriedade ou bens menores com seguros individuais?
- Acha que o Estado não tá com nada?
- Não relaciona as manchetes da grande mídia louca com o seu dia-a-dia e sua postura?
- Não se preocupa com movimentos socias e, quando os vê na TV, mete o pau porque "é um bando de vagabundo que não tem o que fazer"?

Pois bem, se você respondeu a sim em pelo menos UMA dessas questões, então está colaborando para um mundo pior e em constante deterioração. Pois os planos que estão aí na nossa cara estão sendo pensados, planejados e executados há décadas - e ouso dizer, séculos - pelos que sempre tiveram poder e usurparam dos mais pobres.

Mas ainda há tempo. Acho que podemos invadir a alma humana, conhecer-nos e avançar pra questões mais humanas e solidárias.

Não vou me estender mais. Compre o livro ou pegue emprestado de quem tem. Vale mais a pena.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Antígona do Neura



A espinha que poderá ser o novo espetáculo do Teatro da Neura com a tragédia de Sófocles "Antígona" já está formada.

Fico aqui pensando por quantas situações fomos obrigados a lidar com esse processo tão longo e me vejo numa constatação bem clara: arte definitivamente não é pra qualquer pessoa mesmo.

Nós podemos tocar algum instrumento, interpretar bem determinado texto, escrever bem algumas poesias ou expor obras em telas ou instalações até que bacanas, mas o que nos tornará artistas em potencial é a dedicação, a superação, a luta que travaremos pra continuar nessa crise pessoal que é a criação de algo novo.

Precisa ter coragem.

E agora, num processo que ao todo já contou com 15 pessoas no elenco, hoje contar com 8 já mostra que as transformações foram enormes. E teve de tudo: crises pessoais, vaidades mascaradas de crises pessoais, insegurança, exclusão, covardia, circunstâncias desse mundo capitalista, circunstâncias do mundo socialista, ego mesmo - daqueles bem inflados -, descobertas individuais e coletivas, ganhos, conquistas, lágrimas, risos e foco.

Acho curiosíssimo que essas características - individuais - tenha surgido justamente num processo contornado pela dramaturgia brechtiniana que propõe uma luta coletiva acima das briguinhas menores, mesquinhas.

Nosso amigo Brecht ainda nos joga na cara nossas contradições mesmo que não o conheçamos completamente. Viva!

Do que ficou, resta a reta final. Somos, meus amigos de Neura, lutadores e admiro a paciência que tivemos até agora. Alguns, convictos dos rumos que tomaram - justo ao meu ver, pelo menos não ficaram atrapalhando, infelizes - nos aplaudirão e nos abraçarão; outros acredito que sentiremos o riso com cara de azia e com observações típicas de quem vê de fora "comosenadativessecomaquiloqueviu".

VIVA ANTÍGONA das lutas impossíveis mas necessárias!
VIVA ISMÊNIA da omissão na vida, nos outros, em nós!
VIVA CREONTE que nos explora, que consumimos, que fortalecemos!
VIVA HÉMON, arauto de um Estado mais cuidadoso e sempre rechaçado!
VIVA TIRÉSIAS das visões que ninguém ousa olhar para poder seguir em frente sem responsabilidades!
VIVA GUARDA das mensagens urgentes, ofegantes e tardias!
VIVA CORO que segue os passos dessa classe média podre que não vê um palmo diante do nariz!

Eles estão em nós. E convivemos com eles nesse processo grandioso que Sófocles, Brecht e Teatro da Neura nos ofereceram.

Que venham as danças!!!

visitem o blog da peça se tiverem tempo

www.antigonaneura.blogspot.com

sábado, 5 de setembro de 2009

Cia do Escândalo - Intolerância

Num mundo cada vez mais individualista e com as liberdades individuais indo pro espaço sem nos darmos conta, tratar de intolerância é sempre um buraco fundo que, ao descermos, raspamos pelas bordas do buraco e nos ferimos.

A arte é uma ferramenta para discutirmos esse tema, com certeza. E a Cia do Escândalo foi pra essa empreitada de forma cabal: coloca o nome da peça de Intolerância e a trama é bem direta, ou seja, um acidente de trânsito que acaba em tragédia com consequências psicológicas posteriores.

A concepção estética propõe quase um ritual pela cabeça de pessoas que são invadidas pelo seu individualismo mas que sempre sentem falta do coletivo. Isso aparece bem claro e me vem como uma denúncia. Ligados ao mundo pelos seus casulos sociais - carro, computador, trabalho - acabam por não se sentir mais humano e aí se perdem do seu próximo (mesmo que não o conheça).

E aí já se percebe que a tentativa avança numas questões, mas deixa uns vazios em outras. A quebra de cenas constantes feitas pela luz interrompe uma ligação que acho fundamental com o tema proposto. Porque a platéia está alí, convidada a participar e a refletir com o trauma que os personagens passam mas, por algum motivo, isso é interrompido constantemente.

Não somos só razão. Somos sentimentos também. E sentir, num mundo cada vez mais racional é uma proposta que o espetáculo pode aprofundar mais. Compartilhar também a emoção e deixar que a razão nos invada - porque somos treinados pra isso desde pequenos - nos momento apropriado, quando quizermos.

Impressionante a verdade de Ju Penteado em cada cena e como não parece interpretação o que ela faz! Uma qualidade que ajuda muito a entender a peça e como ela pode chegar. energia pura e com um vitalidade sempre renovada.

A Cia do Escândalo nunca nos deixará ver uma peça e pensar uma coisa só sobre ela. É uma pegada de grupo mesmo.

Assinatura.

E acho que assinatura é assim mesmo. Seja com caneta forte ou falhando, você reconhece sempre.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Conferência é Oportunidade de Conquistas


Meus caros, passou da hora de investirmos nosso tempo apenas na produção artística e passarmos a trabalhar árduamente para pensamentos além daquilo que pensamos como arte. E é lógico que estou falando de políticas públicas.

Não dá pra esperar que o poder público dê sua parte nesse bolo.

Já está dado que, mesmo num governo bem popular - como o é a Prefeitura de Suzano - as conquistas políticas que perdurarão não estão nem perto do início da conversa.

Em parte porque a classe artística da cidade ainda não se apoderou de todos os instrumentos para efetivamente saber o que cobrar, reivindicar e construir junto. Mas também porque sempre há uma resistência em criar políticas onde o poder publico não seja o protagonista da atividade: é daí que que se vê a resistência de orçamento da cultura sem vínculos com as áreas mesmo com casos extremamente bem sucedidos como a Lei de Fomento para o Teatro da Cidade de São Paulo.

Mas deve-se ocupar os espaços que nos dão. E a Conferência é uma chance bem especial. Na pior da hipóteses a gente vai aprendendo a lidar melhor com a coisa pública.

Fico no aguardo que o pessoal do teatro esteja presente para que consigamos avançar nos nossos desejos. É dificil. É complicado. Mas é fundamental.

Eita vida difícil.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bertolt Brecht 1898 - 1956


LISTA DE REFERÊNCIAS DE ORGE

Alegrias, as desmedidas.
Dores, as não curtidas.

Casos, os inconcebíveis.
Conselhos, os inexequiveis.

Meninas, as veras.
Mulheres, insinceras.

Orgasmos, os múltiplos.
Ódio, os mútuos.

Domicílios, os temporários.
Adeuses, os bem sumários.

Artes, as não rentáveis.
Professores, os enterráveis.

Prazeres, os transparentes.
Projetos, os contingentes.

Inimigos, os delicados.
Amigos, os estouvados.

Cores, o rubro.
Meses, outubro.

Elementos, os fogos.
Divindades, o Logos.

Vidas, as espontâneas.
Mortes, as instantâneas.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Coletivo e o Indivíduo


O momento de organização da classe teatral em Suzano passa por um limiar bem tênue entre um coletivo preocupado com assuntos da classe artística enquanto um discurso de classe trabalhadora que oferece seus conhecimentos (que é a produção artística de alguma idéia que sirva ao bem comum) e o bem individual, que visa a ascenção pessoal sem uma preocupação em criação de políticas públicas e sim fazer do poder público balcão de pedidos isolados e sem interesse maior.

E essa luta não é fácil porque o individualismo nos empurra cada vez mais para pressões que acabam levando a todos para uma luta de foices, espadas e chicotes somente para alcançar algum tipo de privilégio e garantir - mesmo que momentâneamente - privilégios sem olhar o que isso reflete em volta.

E essa manifestação de individualismo se deu na última reunião do Coletivo Cênico de Suzano que, depois de ter determinada na reunião anterior que discutiríamos sobre políticas públicas, nessa nem 5% das pessoas não estavam. Simples assim!!!

E aí fico perguntando se realmente é o momento de discutir assuntos tão elevados. Se não é melhor a classe perder algumas conquistas para perceber que, se querem viver disso, se efetivamente o tempo que usam para o teatro é o tempo que querem usar pela vida toda, é necessário luta constante e que avance nas lutas individuais.

Só sei que saio desmotivado e percebo que minha luta terá que caminhar pra um confronto mais direto e contundente se eu quiser ajudar a organizar isso que chamamos de classe.

Acho que a luta contra o individualismo é maior do que eu imaginava.