sábado, 27 de março de 2010

a 1ª Impressão é a Regra


Depois de 2 dias em atividades em Fortaleza por ocnta da TEIA 2010 - Tambores Digitais, é perceptível o quanto que o Brasil está preparado para a diversidade - e ainda digo mais: o Brasil É a diversidade. Talvez nós ainda não tínhamos conseguido ainda nos juntar para explorá-la.

O Ministério da Cultura, mesmo com uma programação intensa de encontros, palestras e trocas, digamos, mais formais, conseguiu garantir a circulaçao com o que há de mais de raiz em todas as linguagens artísticas e assim, fazer com que nós pudéssemos perceber o quanto é importante o projeto de Pontos de Cultura.

E isso vai de shows a artísticos até as próprias pessoas, em conversas mais amiúdes onde o que se percebe é uma satisfação em estar fazendo parte de tudo isso que se transformou o Programa Cultura Viva.

É lindo.

Tem de tudo muito e estamos dispostos a conversar sobre isso com um interesse incrível.

Não consegui descarregar as fotos do evento, mas acredito que ainda hoje tentarei e é possível que consiga.

Volto em breve. A internet aqui não é tão fácil, mas ela também será contagiada pela troca. E trocará conosco.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Bons ventos nos levam ao Nordeste

Bem, chegou a hora.

Mais de 2 mil pessoas estarão em Fortaleza para discutir, num lugar bem inspirador, políticas públicas na área cultural que o Governo Lula implementou desde sua primeira gestão.

É de dar inveja a qualquer reacionário ou agente cultural de classe média desse país. Não é fácil bancar essa estrutura e chamar a todos pra uma conversa téte-a-téte. Mas também será um momento de confraternizar.

Estar com aqueles que efetivamente colaboram para que seja mantida toda carga imaginária que o capitalismo quer transformar em mercadoria para depois ser consumida vorazmente para depois ser substituída para depois, para depois, para depois...virar nada.

É uma luta inglória. Vários ficaram no caminho. Centenas e milhares deixaram morrer seus sonhos dando lugar à descrença, à individualização, à barbárie. Para aqueles que resistiram, é importante perceber que Fortaleza será palco de um encontro entre amigos - daqueles que só se vêem em datas boas - e descarregar todas as energias que são necessárias pra continuar.

Pretendo, e isso eu vou ver quando chegar lá, manter o blog sempre atualizado com o que está acontecendo para que fique registrado mais rápido possível o que está pegando por lá. Espero cumprir a meta.

Chega a hora e tomar conta das coisas. E acredito que será dado o pontapé inicial a partir de amanhã.

Sorte pra nós, povo brasileiro. Fazia tempo que bons ventos não sopravam.

sexta-feira, 12 de março de 2010

uma tira de silêncio pela morte do Glauco

II CNC - Quem somos e pra quem servimos?

Por Tuane Vieira

Permitam-me uma reflexão estranha sobre o "choque cultural" que estou enfrentando nesta II Conferência Nacional de Cultura.

É impossível não pensar o quanto nós, paulistas, estamos esmagando as manifestações culturais do nosso Estado (se é que um dia elas existiram), que é exatamente a identificação máxima de um povo.

Não temos a menor cara, e se temos, não lembramos mais como ela é. Se são as caipiras, a moda de viola, a catira, então elas não estão representadas nesta Conferência, pois os integrantes da delegação de São Paulo me parecem tão cosmopolitas e urbanos quanto eu.

No alto do meu ódio, cheguei até a conclusão de que faz todo o sentido quase 20 anos de dominação tucana e conservadora em São Paulo. Quão burgueses, até na cultura, somos. Nada temos a oferecer de nosso, de legítimo, nada que já não esteja sendo feito com maior originalidade e capacidade pelos nossos companheiros nordestinos e nortistas.

E quando um cara da nossa delegação foi cantar no encontro de Delegações do Sudeste, teve gente que achou ruim.

Bem, mas mudando de assunto, não deixando de ser subjetiva.

Tudo nesta Conferência é novidade pra mim, com excessão de uma coisa: a confusão.

Acho que ela é a palavra chave que impera quando vc quer ser democrático e consultar as pessoas para fazer política pública. Mas não a confusão "sayadiana" que desrespeita as pessoas, mas aquela que quer se resolver com todo mundo junto, ajudando. Você se sente parte da confusão mas também se sente parte de um todo, pois sabe que se vc tiver uma idéia genial para resolver as mais incríveis questões mundiais culturais, você será ouvido. Já vi isso milhões de vezes nessa Conferência, inclusive para resolver questões mínimas, como o credenciamento da Delegação de Rondônia, que chegou atrasada pois o Estado não quis pagar a passagem e eles alugaram um busão. Chegaram hoje (dia 12), às 9h, e ontem, na votação do regimento interno (cuja a plenária foi soberana sob controle de uma mesa organizadora PERFEITA!!!), alteraram a data de credenciamento para hoje, às 12h. Acho isso fantástico.

Além disso, toda a manifestação cultural é bem vinda, a qualquer hora; existem pessoas engraçadíssimas com todo e qualquer tipo de intenção possível, inclusive o de vender e comprar serviços. Mas a possibilidade de se sentar ao lado de um índio pataxó para ouvir o discurso do Lula é surreal. Me sinto uma caipira (daquelas legítimas mesmo) olhando para as pessoas de outros estados, uma espécie de inversão da máxima "guaxinins de Suzano" (piada interna Cidãonesca). Não parece ter vida inteligente fora do Sudeste. E se há, é pra nos fazer divertir e descansar. Patética a minha própria visão do mundo.

Para finalizar (não falarei de política cultural hoje; pois as salas ainda não começaram), quero destacar três coisas:

1- Como o clima de Brasília é ameno e gostoso, bem parecido com o de São Paulo. Portanto, tudo o que dizem sobre a "secura" de Brasília, neste momento, AINDA não se confirmou;

2- O nosso ministro da Cultura, Juca Ferreira fala melhor (entenda-se melhor por: "falar com o coração, de peito aberto, de forma que podemos nos emocionar) que a Dilma. Aliás, que belo discurso inflamado e improvisado que ele deu na abertura ontem. Fiquei feliz por um cara tão esclarecido ser nosso Ministro;

3- Gente, o Lula é fantástico. Podem falar o que quiser, mas ontem, além de eu estar muitíssimo emocionada por ter ido, repentinamente um acesso patriótico e chorar por cantar o hino nacional na Capital Federal, eu tive a possíbilidade de ver um discurso do Lula ao vivo. E pela primeira vez fiquei realmente ressentida de não haver um terceiro mandato pra ele. Não é a toa que esse cara é o melhor presidente que o Brasil já teve, e não é a toa que tem a popularidade que tem. É incrível o carisma e a forma simples porém impactante que ele se dirige as pessoas. Fiquei extremamente comovida, e acho que esse cara vai ficar pra sempre na história deste país. Ele é sincero, franco, engraçado e simpático com todos. Espero que na Teia Nacional, em Fortaleza daqui há 2 semanas, ele possa estar presente e nos brindar com mais uma fala maravilhosa. Lula, sou sua baba-ovo. Prontofaley.

Daqui a pouco mando mais notícias. Se a lan house deixar.

Beijos Federais.

Tuane Vieira
Delegada eleita pelo estado que menos contribui pela cultura deste país.

P.S.: Se eu fosse 1% mais inocente, acreditaria que os representantes da Secretaria de Estado da Cultura de SP que estão na Conferência tenham aprendido como se trata as pessoas com respeito numa plenária, sem perder a ternura. Mas não acredito em Coelho da Páscoa. Então, pra não perder o costume: FODA-SE SERRA.

domingo, 7 de março de 2010

Falta de Espaço e a coragem de todos os dias



É fato que para nós que fazemos arte, o espaço tenha uma importância fundamental. Com essa coisa do teatro contemporâneo, a distância que havia ante entre platéia e artistas foi diminuindo e, dessa forma, os espaços para essas apresentações passaram a ser tudo aquilo que os grupos de teatro vêem pela frente.

Por um lado, aproximamos não só espacialmente o público, mas também artísticamente pois todos tivemos que ampliar a capacidade de verdade e teatralidade nas nossas montagens.


Tá, tirando de lado esse fator histórico e filosófico interessante e indo mais para a prática mesmo, falta na região espaços para que hajam encontros mais saudáveis entre público e artistas. Está provado que, quando o espaço é bom, acolhe o público bem e tem uma programação continuada, cria-se um hábito de frequentar esses espaços e ele passa a ficar "quente".

Tivemos uma experiência boa com o Galpão das Artes em Suzano e agora, mais recentemente com a inauguração do Galpão Arthur Netto em Mogi das Cruzes. Semelhantes em sua estrutura os dois espaços tentam manter atividades constantes e, na medida do possível, de qualidade também. O público passa a vir quando reconhece o espaço como uma coisa que não vai desvirtuar de condição.

É como se fossemos pro Espaço Unibanco: sempre terá um filme bom pra ser.
Mas fico aqui pensando - partir da provoção do Manoel Mesquita Junior da Cia do Escândalo - que também os grupos não se apoderaram dessa ferramente tão importante para a nossa profissão.

Num país onde nós que fazemos teatro de pesquisa estamos lutando bravamente contra a maré - forte por sinal - da indústria cultural, a consciência de que devemos nos apropriar desses espaços e torná-los nossa casa ainda está distante.


Mas aí já vamos entrar em assuntos bem mais complexos.

Mas acho que é importante percebermos que há sim uma disposição em ocupar os espaços.


Mas aí vamos ver que ainda faltam espaços.

E aí fico pensando: não é um bom tema para o dia 17 de abril num encontro maravilhoso no Galpão Arthur Netto?

segunda-feira, 1 de março de 2010

Temporada de Teatro = Formação de Público


Tenho uma teoria que deveria ser implementada por grupos da região. É uma experiência pela qual o Teatro da Neura passa há um tempo e ajuda muito as nossas peças e naquilo que queremos com elas: Temporada de Teatro.

Uma temproada de teatro ajuda a perceber vários aspectos que somente com o tempo somos capazes de conquistar.

Pra dentro do grupo avançamos em organização e divulgação pois é necessário estratégia de divulgação para que seja possível que o maior número de pessoas se interessem pelo espetáculo.

Também acontece o comprometimento com os ensaios para que se garanta que a maioria das apresentações tenham a mesma qualidade e nunca abaixe para um nível perigoso de ritmo, tempo, energia e intensidade.

Pra fora há o nome do grupo que estará exposto por um tempo grande antes da temporada - por conta da divulgação -, durante todo o período de apresentação - pois muitas pessoas saberão que estão no mês chave - e um pouco depois - que é o período que tudo reverbera daquilo que passou.

Ora, é de grande responsabilidade uma empreitada dessas porque se a peça estiver com a qualidade comprometida, tudo o que foi dito reverberá com péssimas reflexões e levará o nome do grupo a um patamar bem complicado para cativar o público.

Mas já não vale a reflexão?

Formação de público passa por ele não ser obrigado a ver a peça num final de semana que queremos, mas dar a tranquilidade para ele assistir ao seu espetáculo. Deixar com um período longo para que outros tenham a chance de serem informados pelos que já viram o espetáculo e não colocar uma faca no pescoço dele e dizer: " Vc terá apenas esse fim de semana pra me ver! Você vem?!!".

Formação de público também é estarmos aptos e com coragem de sabermos se nosso espetáculo está pronto para ser visto por pessoas que não nos conhecem e que estamos prontos para esse encontro no escuro - de ambos.

E isso não depende muito de outras forças a não ser do próprio bom senso do grupo que está investindo nisso.

Por ter acontecido uma temporada de Antigona, fizemos apresentações bem interessantes nos dias 23, 24, 25 e 27 de fevereiro, que mudaram o rumo de algumas cenas e deixou, segundo algumas pessoas que viram a peça , mas entendivel e próxima da platéia.

Dessa forma, outras pessoas vieram, dexaram seus mails e a partir de hoje sabem que existe um grupo de teatro chamado Teatro da Neura.

Acho que vale a pena o risco. E o público está cada vez mais ocupado em ver espetáculo que sabe que irá ficar um mês em cartaz do que aquele que só acontece por um fim de semana pros pais verem mesmo e acharem tudo lindo.

O público merece esse respeito e está na hora de nos colocarmos no papel de troca e não de exibição de nossas peças.