quarta-feira, 28 de julho de 2010

Teatro de Referência X/ou/e Teatro Amador


Ouço as vezes um certo saudosismo em vozes teatrais quando se fala que o Teatro Amador é bom porque ele é experimental, sem medo de errar e que faz tudo isso por amor a arte. E criticam o teatro mais encorpado porque se distancia da platéia por querer elaborar mais o pensamento e assim levam o nome de "teatro cabeção".

Há quem diga que foi o teatro cabeção o grande responsável pelo afastamento do público nas salas de espetáculo - seja lá onde ela estiver.

Sem querer entrar no mérito - ainda - de qual é a responsabilidade do afastamento do público em teatro - se é que há isso-, é cabal pensar que o público dá para o espetáculo exatamente e na mesma proporção que o espetáculo dá para o público.

De alguma maneira misteriosa essa troca acontece. E quanto mais eu vejo boas peças, mas é perceptível alguns itens que sempre aparecem.

1) Conceito fechado no pensamento mas aberto na leitura: quanto mais o elenco entender o que está falando, sobre qual tema a peça trata e qual sua intenção em cada fala, em cada cena, mais claro será compreender o jogo. Porque o jogo deve ser trocado com a platéia. Ela quer brincar junto. Conceito fechado demais a platéia se desliga e fica pensando em outras coisas. Óbvio que não precisamos ser didáticos demais, mas devemos ter o conceito pronto. A platéia não é burra, ela joga junto, mas se jogamos com ela. Não a tratamos apenas como seres receptivos.

2) Qualidade técnica do elenco: não confundir com ficha técnica aceita no PROAC. Qualidade técnica passa por formação sim, mas nem sempre ela vem de uma educação formal. Vem da experiência de vida e também de experiência na área, com bons profissionais, éticos na sua conduta, parceiros no aprendizado, compreensivos no tempo de cada um. Desde os atores, passando pelos diretores, equipe técnica.

3) Trabalho de continuidade: isso é ferida grave e reconheço que é muito complicado. Como manter um grupo junto por tanto tempo? Não sei ao certo, mas é completamente perceptível a diferença de espetáculo de elenco e espetáculo de grupo. Óbvio que é possível que um grupo pertença a poucos integrantes e aí vamos chamando outros para comporem. Mas será continuidade dos trabalhos que criará uma relação entre o próprio elenco e desse elenco com o público. É como se a platéia seguisse aquele pensamento e fosse desvendando junto a evolução daquele pensamento. Se não há continuidade, o público também não continua. E não adianta enganar. Ou é de continuidade mesmo, ou é evento específico. E nesse caso a platéia até vai, mas sabe do que se trata.

4) Acabamento: nada melhor do que a gente ver que o figurino, a maquiagem, o cenário, a luz, a recepção e até mesmo os agradecimentos fazem parte daquilo que chamamos de espetáculo. Não é porque acabou a peça que a platéia se desligou do espetáculo. Mas isso até que é de menos. O que citei acima é fundamental para que fique a essência da proposta e não o improviso. Acabamento é um signo de um trabalho onde todo o conceito está amarrado e com ligação com a peça. Gente, chega de TNT né. Não importa se é bacana pra aquilo, mas não né.

Esses elementos já vejo que não terminam, mas já iniciam o pensamento - que não é segredo pra ninguém vamos combinar - se temos grupos amadores (agrupamento) ou de referência (em eterna formação).

Não esgota, mas já é um bom começo não é mesmo?

A propriedade nossa de cada dia


Ocorrências fortuitas trazem a tona sensíveis mazelas.

Filhos de um capital desenfreado, que a tudo confere preço, nos erguemos conforme é permitido. A cada um incumbe a respectiva dose de submissão, superveniência e obediência. Por vezes é letal.

Aos que lúcidos resistem talvez uma fatia do bolo, talvez um teco, quiçá uma migalha.

A duras penas surge um ou outro júbilo, nada ostensivo, nada ofensivo, apenas ferramentas.

Se tanto foi acumulado promiscuamente por alguns, porque, honestamente, um pouco não é dado aos muitos? As vezes acontece.

Surge um semelhante na desigualdade que, neste legítimo Estado Democrático de Direito, enfrentamos. Um dos nossos estrategicamente excluído para tudo aquilo o qual deverá sujeitar-se. Um eu, um você, moribundo, faminto, desesperado, sacana, malandro, bandido e covarde. Um homem inclinado a quaisquer vias em busca da satisfação globalmente sugerida. Um corajoso. Eis o um que, num súbito, te leva o que nem possui.

São vítimas confrontando vítimas num mesmo golpe.

Um esfomeado que come o pão de outro.

Que fazer quando o sistema arquitetou tocaias para nos manter em guerra? Se tenho, outro leva, se não tenho, ninguém dá.

A saída?

Há saída?

Anunciados estão dias difíceis, não por não ter, mas por necessitar. Nada, além da consciência, irá tapar a necessidade do que fica sem. Trata-se de um trabalho inverso, acostumar-se ao que falta.

Há trégua?

Em um Estado de todos contra todos só há vítimas.

Vítimas devorando vítimas.

Um dever moral é o que nos impede de praticar o mal. A lei existe, punições também, mas é uma diligência particular, um atributo do comportamento humano, o que nos faz respeitá-la.

Não há lei que obrigue a obedecer a lei.

O que há são consciências humanas que embora esgotadas e devastadas, permanecem na prática incessante do bem.

A possibilidade de Ter é direito fundamental.

Saúde, educação e moradia também o são.

Um Estado incapaz de propiciar aquilo que se auto-propos, herança de uma economia altamente internacionalizada durante os anos de chumbo, resquícios de governos elitistas mantenedores de massas incessantemente excluídas, reflexos do dinheiro invisível que nada produz – a inigualável invenção dos juros – dentro da tão sonhada globalização, só fazem aumentar a separação de classes já divididas.

Propaga-se aos quatro cantos tudo que se deve ter, omite-se que os meios estão indisponíveis.

Muitos caem.

Trata-se de um controle social eficaz, uma opressão utilizada com bom-senso.

Ninguém percebe.

Diz-se que somos livres e agraciados com idênticas condições de desenvolvimento.

Não somos.

Daí as emergenciais políticas públicas de inclusão que o Governo Federal executa na forma de medidas afirmativas. Busca-se um idealizado patamar de igualdade, ou ao menos diminuição nos níveis de desigualdade, apenas isto propiciará idênticas condições de evolução aos brasileiros, e, quem sabe, satisfará essa odisséia que se tornou o capitalismo no terceiro mundo.

Em vista de sermos muitos e ante ao serviço do branco norte-americano europeu praticado nessa Terra, não são dois mandatos de um governante popular que irá sanar o prejuízo que a História registrou.

Vítimas seguem vitimizando.

Proponho: Roubem o deles! Saquem bancos!

E, por ora, Ter é negócio arriscado.

Larissa Scripiliti,

roubada desde que nasceu, nada tem.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ficha Limpa tira Estevan das eleições. Sai fora rapá!



Amigos, nem parece que estamos no Brasil. Olha que lindo


FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO
A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo impugnou mais 16 pedidos de candidatura por considerar que os postulantes se enquadram na Lei da Ficha Limpa. Um dos impugnados pediu registro de candidato a vice-governador, três tentam ser candidatos a deputado federal e 12 a deputado estadual.
O candidato a vice-governador impugnado é Aldo Josias dos Santos, do PSOL.
Dentre os postulantes a deputado federal, estão os nomes de Renato Amary (PSDB) e Guilherme Campos Júnior (DEM), que tentam a reeleição.
Entre os que tentam uma vaga na Assembleia Legislativa, foram impugnados Edmir Chedid (DEM), João Caramez (PSDB) e Mauro Bragatto (PSDB). Cada um deles detêm atualmente um mandato de deputado estadual.
Outro nome neste lista é o de Maurício de Oliveira Pinterich (PSDB), que foi subprefeito em São Paulo.
Com as impugnações divulgadas hoje --a segunda das quatro listas que a Procuradoria vai fornecer--, o número total chega a 31, já que na semana passada o Ministério Público Eleitoral já havia barrado 15 pedidos de registro.
Após as impugnações, os casos são julgado pelos TREs e em seguida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Confira a lista dos impugnados nesta segunda lista:
Vice-governador
Aldo Josias dos Santos - PSOL
Deputado estadual
Edmir Chedid - DEM
João Caramez - PSDB
Mauro Bragatto - PSDB
Maurício de Oliveira Pinterich - PSDB
Gilberto Macedo Gil Arantes - DEM
Nézio Luiz Aranha Dartora - PSDB
Raimundo Taraskevicius Sales - Coligação PSDB/DEM
Ataíde Souza Pinheiro - PSOL
Paulo Henrique Pastore - PTC
Ricardo Rodrigues Peirera - PC do B
Estevão Galvão de Oliveira - Coligação PSDB/DEM

José Luis Ribeiro - PSDB
Deputado Federal
Airton Garcia Ferreira - DEM
Guilherme Campos Júnior - DEM
Renato Amary - PSDB

domingo, 25 de julho de 2010

O teatro de grupo em uma de suas missões


O teatro de grupo é ainda a ferramenta que mais rendeu frutos estéticos nos últimos anos. Com sua estrutura de continuidade, com ele é possível estabelecer repertório, segurança do público quanto a linha que o grupo age formando platéia para o teatro e ainda por cima consegue discutir - sem maiores repressões - o tempo em que vive.

E por todas essas características, é sabido que o teatro de grupo precisa avançar. Avançar em quesitos mais amplos e que na maioria das vezes o ego, a auto promoção com muito discurso e pouca prática e, principalmente, espetáculos com pouca qualidade ainda deixam os grupos frágeis e presos a estruturas ainda amadoras no que se refere a sua ação naquilo que se propõe.

E a luta é grande. Com os editais sempre favorecendo aqueles grupos que foram os primeiros a se beneficiarem e assim sempre estarem mais preparados dos que aqueles que chegaram depois, fica cada vez mais imprescindível que se perceba essa situação e, com isso se sinta mais livre em suas criações sem grandes projetos para serem aceitos.

Não seremos. Ponto final.

E sendo assim, temos uma frente a lidar urgententemente - e quando não foi não é mesmo?

Vejo como prioridade numero 1 melhorar a qualidade artística e estética de cada novo espetáculo da Cia. Se você quiser agradar ou não o público, tem que tratá-lo com respeito. E nada melhor do que um bom espetáculo. Aquele onde o público percebe o trabalho realizado.

É como se, pelo simples fato de um grupo querer falar algo, já basta. Não há reflexão sobre o tema. O que importa é a história a ser contada. Assim, o grupo sai de um processo da mesma forma que entrou e sua estética nunca muda. Fica naquilo e contente-se com isso porque "é a nossa forma de dizer". (urgh!!)

Esse salto precisa ser dado. O público não pode mais ver nosso teatro como algo amador. Deve se surpreender belamente.

E não estamos dando conta do recado. Com um detalhe: eles pagam pra ver nossa incompetência e ninguém merece isso.

Nem nossos parentes e amigos.






segunda-feira, 19 de julho de 2010

Um ode ao falso patriotismo.


Estamos em um ano extremamente importante para o Brasil. Um ano em que determinaremos se queremos continuar progredindo ou vamos voltar a estaca zero. Além disso, podemos ter, pela primeira vez em sua história, uma mulher presidente da república, em meio a histórias macabras de modelos e advogadas assassinadas, o que mostra que pouco avançamos no que diz respeito a discussão de gênero nesse país. A mentalidade ainda é muito machista e, junto com a campanha política, temos que trabalhar a mudança de pensamento de uma grande parte da população.

Nesse meio tempo, tivemos uma Copa do Mundo. Na África do Sul, o que é muito bacana, pois nos aproximamos desse continente que o mundo teima em fingir que não existe. Ao mesmo tempo, uma "romantização" desse continente que tem guerras e confrontos civis que o mundo também teima em esconder. Mas tudo se justifica pelo futebol, não é mesmo? Inclusive gente que odeia o Brasil usar bandeirinhas no carro, colocar bandeiras na janelas de casa; bandeiras essas que serão jogadas fora depois do mundial. E com certeza, grande parte dessas pessoas nem estão preocupadas com o processo eleitoral que se desponta.

Quem vos fala é uma amante do futebol. Sim, desde os 08 anos assisto as partidas, acompanho os campeonatos estaduais, nacionais e mundiais. Uma fiel torcedora do Sport Clube Corinthians Paulista, desde o nascimento. Mas não dá pra colocar tudo no mesmo saco. É impossível achar que alguma coisa no Brasil vá mudar com um título mundial a mais ou a menos. Não dá pra virar as costas para o que está por vir. Não dá pra se importar com o país apenas de quatro em quatro anos.

Mas é lógico que não será meus inocentes apelos que farão com que a coisa mude. É uma natureza criada por anos de ditadura militar nesse país, seguida pelos 8 (fatídicos) anos de governos FHC. Ser politizado (que não se entenda partidário; apesar de não ver problema nisso) é uma grande bobagem, digna de zoação, caras-tortas, desrespeito. Quanto mais alienado e edições do Fantástico eu assistir, maior a minha capacidade de "influência" com os meus. Realmente, a ordem está trocada.

Futebol é diversão, não
é ordem do dia. E agora, como se nós não tivéssemos questões suficientes pra discutir, o estado de São Paulo discute se sediará jogos da Copa 2014. Mas calma, amigo paulista, o Lula entrou na briga e com certeza, com a influência do estadista mais importante do mundo, esse jogo vai virar.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/07/estou-disposto-entrar-nessa-conversa-diz-lula-sobre-copa-em-sp.html
Que bom que a próxima presidente da república será uma mulher. Só nos resta saber se os "patriotas" farão juz ao rótulo no dia 03 de outubro.

Tuane Vieira
Atriz do Teatro da Neura, corinthiana, maloqueira e sofredora.

domingo, 18 de julho de 2010

A jornada é longa e o registro é curto.


Lá estava eu dando uma olhada básica na história do teatro e tal. Resolvi me fazer a seguinte pergunta: por que, oras bolas, Vestido de Noiva é um clássico? Por que o Nelson? Por que essa montagem? POR QUE???

E aí - prometo que não falarei dos detalhes pra não ser chato - percebo que ele nasceu de uma vontade e disposição de alguns atores que queriam fazer teatro de pesquisa, montar uma peça que até então propunha uma dramaturgia nova e estavam diante de um jornalista que escrevia umas coisas.

Resultado, foram lá e montaram.

Seja lá como foram os detalhes, só foi possível porque havia registro desse material. E desse registro, nasceu uma baita dramaturgo, um puta diretor, uma montagem clássica e pronto: um pedaço da história do teatro brasileiro estava nascendo.

E sinto que aqui no Alto Tietê, temos boas propostas, tentativas importantes e lutas para que essa arte não morra perante o descaso da políticas públicas regionais. Mas simplesmente não há registro disso. Não conto jornal. ele é uma parte do registro, mas a menor parte. O jeito é ir pra meios alternativos e autoral.

Mas reconheço as dificuldades. Quanto custa publicar um livro com suas peças? Estamos preparados pra ouvir os nossos, aqui pertinho? Queremos trocar e efetivamente registrar ou o que está em jogo é o nosso ego, a nossa disputa?

Vejo que já há grandes publicações contemporâneas a respeito: o pessoal da Vertigem, do Pombas Urbanas, da XIX, União e Olho Vivo (talvez a melhor publicação da listinha aí) conseguiram o feito da publicação.

Já é alguma coisa mesmo que ela tenha certo cunho comercial do que se refere num produto a ser comercializado - não necessariamente financeiro óbvio.

Levanto essa preocupação. Apesar de muitos grupos estaremos com a chance de levantar alguma coisa por conta das políticas dos Pontos de Cultura, somos anterior a isso e talvez, alguns grupos devam se colocar humildemente nesse processo não para se vangloriar, mas para continuar o registro.

Registro para que, lá na frente, também possamos dar a chance de montarem nossas peças, lerem sobre o que pensamos e aí continuarem essa jornada que já dura mais de 2500 anos da vida ocidental.

Se fizeram isso há uns 50 anos quando não tinha internet, e tudo mais, porque não seria possivel agora?






sábado, 17 de julho de 2010

Blogueiros com a língua afiada.

Há um pensamento meio que comum para aqueles que acompanham os eventos midiáticos que é a falta de espaço para propagação de idéias diferentes daqueles que comandam a mídia brasileira. De fato, pouquíssimas famílias controlam aquilo que 180 milhões de brasileiros vêem todos os dias.

Mas com a chegada da internet e sistemas livres de uso, começou a surgir várias personalidades que passaram a usar esse espaço para propagar novos pensamentos ou pelo menos divulgar aqueles que não acham brecha em nada.

E nessa aparecem blogueiros invocadíssimos que pretendem fazer agora um encontro bem bacana pra discutir assuntos bem legais.

Seguem as informações. Para aqueles que estão interessados em novas comunicações - principalmente as livres - apareçam . Acho que podemos estar a frente de muita gente com grana viu.

Informações puxadas do blog - claro - etica.social.blogspot.com

Segue:

O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas acontecerá nos dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de agosto em São Paulo, capital. O objetivo é contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas. As inscrições já estão abertas. Poderão se inscrever não apenas blogueiros, mas todos os interessados nas novas mídias sociais.

O encontro começará no sábado às 9h com debate sobre o papel da blogosfera na democratização dos meios de comunicação. Participarão Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Eduardo Guimarães, Rodrigo Vianna e Leandro Fortes.

À tarde ocorrerão sessões com palestrantes para se discutir as questões legais: orientação jurídica para atuar na web, medidas contra ameaças, cerceamento à liberdade de expressão. Também ocorrerão oficinas sobre twitter, videoweb, rastreamento de trolls e debates sobre a sustentabilidade financeira dos blogs.

No domingo das 9h à 12 h, em reuniões em grupo, blogueiros dos vários estados trocarão experiências e discutirão os desafios da blogosfera. À tarde, plenária para apresentação, discussão e aprovação da Carta do 1º Encontro Nacional dos Blogueiros.

INSCRIÇÕES, PASSAGENS, ACOMODAÇÃO E REFEIÇÕES

As inscrições custam 100 reais. Quanto mais rápidas, melhor para a organização do evento. Basta enviar e-mail para contato@baraodeitarare.org.br ou telefonar para (011)3054-1829. Falar com a Daniele Penha.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Artista Figurante Tem Prazo de Validade

"Desse jeito os mantenho unidos e ao mesmo tempo separados" Bertolt Brecht

Agora que a eleição começa pra valer é importante pensar que, quando nos procurarem agora, não sejamos feitos de massa de manobra nas mãos de deputados, senadores, governadores e é claro, presidente da república. E para isso não tem segredo: é se valer enquanto cidadão.

Mas pra nós, artistas ou amantes da arte, não basta apenas escolher um candidato e pronto. É necessário que estejamos atentos que comunicamos muito com o nosso trabalho, que dezenas de pessoas depositam sua confiança na nossa credibilidade e que um anúncio de qualquer natureza pode sim refletir em outros votos lá na frente.

Me valho aqui da responsabilidade de ser artista. Aquela responsabillidade que muitos acham que é somente fazer uma boa peça com qualidade e basta. Pra qualquer um que tenha o mínimo de compreensão do que é o mundo, já sabe que só uma boa peça não basta para transformar o mundo, ou algumas pessoas.

Estar atento a todos os movimentos, ampliar a nossa visão de mundo para além daquilo que fazemos, prever futuros mediante o passado de cada candidato ou daquilo que seu partido defende é algo que devemos colocar em questão.

Mas se colocar vale a pena? Num mundo onde o que as pessoas querem mesmo é tomar o que é seu pedindo com um sorriso, confiar sua imagem vale o risco?

Cultura hoje dá votos na medida que esses artistas deixarem de se colocar como marionetes. Não votar, votar nulo, votar em qualquer um e , pior, declarar essas coisas ajuda a colocar nossa classe numa posição de "desocupados irresponsáveis" que sempre nos deram.

Os políticos sabem que qualquer exposição é ruim para sua imagem. E quem melhor que artistas para expor um polício com maior força? Está na pauta do calendário dos políticos, conversar com artistas. Mas eles procuram aqueles que podem agregar e geralmente são aqueles que estão mais plugados com o que está aconcendo aí meu amigo.

Se as políticas públicas implementadas pelo Governo Lula ainda não ajudou você a refletir se você quer ser protagonista ou figurante nessas eleições, então acho que você pode estar começando a ser conhecido como figurante.

E artista figurante, tem prazo de validade.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Por que você não se forma?



Que a formação profissinonal é importante para qualquer profissão ninguém discute.

Se você quer ser médico, dentista, mecânico, eletricista ou seja lá o que for, taca você ir lá, estudar, buscar cursos e tudo mais que podem fazer de você uma figura respeitada e quicá, viver daquilo que escolheu como profissão.

E aí pergunto: por que na nossa profissão não fazemos o mesmo? Por que achamos que basta fazer meia dúzia de oficinas - quando fazemos - para acreditarmos que somos capazes de transmitir esse conhecimento?

Não sei. Taí uma resposta que não sei.

O que sei é que, depois de algum tempo por aqui, nessa brincadeira, ainda percebo erros e falhas nem sequer estão sendo olhadas, o que é preocupante no que se refere ao futuro do nosso público e, óbviamente, nosso também.

Falo da formação profissional de todos os ramos da nossa profissão em artes cênicas: ator, atriz, maquiador, figurinista, cenógrafo, iluminador, técnico de som e por aí vai. E digo com a propriedade de acompanhar, mesmo de longe, oficinas, workshops, cursos que na maioria das vezes são baratos ou de graça e praticamente não há adesão em massa proporcional ao número de pessoas que fazem arte na região.

E listo aqui os cursos: Todas as oficinas de curta duração da Secretaria Municipal de Cultura chamada de Pílulas Criativas, Bate papo com artistas como Paulo Betti ou Zuenir Ventura ou Bete Dorgan, Projeto Vivências da APAC, só pra citar ações pontuais dos últimos dois meses.

E preocupa porque essas conversas ajudam a nos colocar perante o mundo de forma ativa, ampla e nos enche de repertório para que iniciemos nossa busca por aquilo que chamamos de artista.

Porque o mundo não precisa de ator, músico, escritor ou bailarino; o mundo precisa de artista. Aquele que, a partir de experiências sentidas no mundo em que vive, consegue analisá-lo e antever o mundo que ainda está por vir. E pra isso, é necessário a formação, a troca com outros profissionais.

Mas como queremos que nossas peças tenham qualidade se não trocamos com as experiências do mundo?

E se nossas peças não terão qualidade, como faremos para garantir a tão famosa formação de público que é sempre o Tendão de Aquiles dos grupos de pesquisa e principalmente os do Alto Tietê?

Nós temos a noção da qualidade de nossas peças?

E se não nos formamos continuadamente - e nem falo somente de escola formal porque isso nem sempre ajuda - como queremos ser respeitados como profissionais?

Que moral podemos pedir formação para órgãos públicos se não frequentamos as que ela oferece? E se o órgão público não oferecer, você vai ficar aí no canto chorando ou vai atrás, porque, afinal de contas, É A SUA PROFISSÃO!!!

Não tenho certeza, mas acho que estamos desfocados. Talvez por essa coisa do mundo cão que nos impõe que façamos muitas coisas pra sobreviver. Mas se não reagirmos, ficaremos ainda sendo vistos como "os meninos do teatro", ou a nos oferecer qualquer quantia pra fazermos "alguma coisinha aí" pra animar "o pessoal".

E acho que não estamos mais nessa fase.

Ou reagimos, ou não estamos no mercado, quer queiramos ou não.



quinta-feira, 1 de julho de 2010

PSDB, DEMo, PFL (é tudo a mesma coisa) encerra oficinas culturais em SP


Quando a gente pensa que estamos no fundo do poço, descobrimos que o poço é mais fundo.
A secretaria de Estado da Cultuira está encerrando todas as oficinas culturais do Estado de Sâo Paulo a partir do dia 01 de agosto de 2010. Olha que bonito!!!

Abaixo segue o e-mail. Façam todos saber, por favor.

E por favor, não votemos no Alckimin. Já chega né.

Aguardamos o posicionamento da Secretaria de Cultura do Estado, mas o que nos chega, através da própria diretoria da ASSAOC, a O.S. responsável pela administração das Oficinas Culturais do Estado, é que nós, das OFICINAS CULTURAIS DO ESTADO, fecharemos as portas dia 01 de agosto de 2010. Este mês de julho estaremos trabalhando sob aviso prévio.
Para que melhor vocês entendam, as 22 OFICINAS CULTURAIS - sendo 06 na capital (04 na Zona Leste, 01 extremo da Zona Oeste e 02 no centro expandido), 15 no interior do Estado com 645 municípios e os Projetos Especiais e da Terceira Idade - e que prestam serviço a 25 anos à comunidade paulista, saem de circulação de um momento para o outro conforme solicitação do Exmo Sr. João Sayad, argumentando a falta de visibilidade do projeto até então.

Abaixo números importantes para que avaliem o dano que esse abrupto encerramento de atividades irá causar, inclusive o cancelamento total de todas as programações já anteriormente acordadas para o próximo semestre:
1. Empregos diretos...............................................................280
2. Empregos terceirizados.......................................................126
3. Empregos indiretos (arte-educadores).................................2.100 ano
4. Público frequentador de atividades de formação..................66.000 ano
5. Atendimento à comunidade (Eventos diversos, como
festivais, mostras, encontros de entidades, espetáculos
exposições,festas comemorativas dos bairros e cidades,
campanhas solidárias etc.).................................................88.000 ano

TOTAL..............156 506 cidadãos sem atendimento!


INCOMPETENTES!!!