Essa resistência se deu em várias esferas. Mas como me sinto um pouco mais a vontade de falar sobre as artes cênicas, tenho mas tranquilidade em falar que fazia tempo que esse espírito tomava conta da cidade.
De um lado se tinha os festivais competitivos que formavam torcidas de escola ao invés de formação de público - isso tanto na dança como no teatro. A única resistência eram as oficinas do Cleiton Pereira que conseguia aproveitar o poder criativo de seus alunos - e eram uns 100 pelo menos por turma - para construir peças que levavam o espectador - naquele tempo só de família dos atores - a um outro modo de perceber as peças.
Parece bobeira, mas havia alí uma semente que iria culminar numa das maiores forças da cidade em 2005: o movimento de teatro.
Quando chega 2005, com a gestão do prefeito Marcelo Candido(PT) uma política cultural começou rasgando e sem piedade. Mesmo sem dominar a máquina pública, foi usado a biblioteca municipal para a Mostra de Referências Teatrais: um evento sem competição que tinha duas funções básicas, ou seja, formação de público e acabar com o pensamento competitivo da arte.
Bingooo!!!
Mas seria injusto falar só do teatro. Penso aqui e acho bom fazer o efeito comparativo que já propus no texto anterior .
2)Contratação de pessoas ligadas a área cultural
Ao invés de manter os burocratas incopetentes pra cuidar da cultura, desde o nome do secretário foi escolhido pelo seu envolvimento com a arte. E começa pelo Walmir Pinto que também soube escolher uma equipe completamente inexperiente na coisa pública, mas com uma vontade enorme em ajudar.
Divisão das ações em áreas culturais que todas, sem excessão, ao longo desse anos, foram reconhecidas e ganharam visibilidade Estadual e até internacional.
3) Tirando da mesmice a política Cultural do Alto Tietê
Com tantos avanços - e nem detalhei as coisas - o Alto Tietê teve que fazer alguma coisa. Teve que se mexer. Tudo bem que pouquissima coisa mudou, mas já se teve um pensamento diferenciado. Já é possível perceber que alguma cidade se preocupam em fazer uma Agenda Cultural como forma de democratização das informações. Tudo bem que tem cidades que nem tem política séria, mas tem agenda, e já é uma avanço.
Fora isso, Suzano é reconhecido pela sua política cultural inclusive pelos adversários políticos. E levando em consideração que a direita desse país é revanchista, facista e autoritária, é um furo de bloqueio enorme.
Agora, é complicado algumas coisas. Não se exporta política cultural. Ou os seus representantes optam pelo diálogo franco e que responda às demandas da cidade, ou simplesmente não tem.
Por mais que Suzano tenha se portado como a cidade mais importante nessa postura política, as cidades vizinhas não avançam porque tem prefeitos retrógrados, sem compromisso, incompetentes mesmo em lidar com a situação.
Porque é uma questão de escolha. E as escolhas que Suzano fez, foi a escolha em rumo a construção de uma cidade que respeita seus fazedores culturais, mesmo com todas as limitações que o serviço público tem.
E a escolha que a região do Alto Tietê faz, é a escolha retrógrada, de tratar sua população como idiotas. Aí não dá né amigo, num dá.
Que os resistentes, resistam. Acredito que bons frutos estão por vir. Porque algumas sementes já estão brotando.