Programação do Neurofobia em 2008: um épico |
Esse aniversário do Teatro da Neura tem um gosto especial. Dentro
da nossa pequena história no teatro de grupo do Alto Tietê, sempre fizemos
várias atividades que pudessem estar em contato com a plateia sob outro ponto
de vista.
E nesse ano fizemos muita coisa: bate-papos, temporadas de
nosso repertório, visitantes reconhecidos na área e dispostos a trocar conosco
em Suzano. E esse conosco é, naturalmente, com aqueles que lá estavam pra
trocar: era um evento aberto, divulgado, organizado e voltado para o pensamento
teatral.
Foi uma paulada. Paulada de todos os lados. Parte da classe
teatral não entendeu a proposta de troca e não compareceu. No começo ficamos
chateados, mas logo percebemos que ganhou quem estava lá, quem trocou com
aqueles grandes profissionais.
Nós, ansiosos também, fizemos tudo o que nos foi possível
para trazer profissionais do TAPA, Folias D´Arte, Cia do Latão, Os Fofos
Encenam e Grupo 3 de Teatro de BH ao mesmo tempo que remontamos todo o nosso
repertório, estreamos uma peça nova – Vidros – e lançamos a primeira edição da
Revista Catarse num coquetel de lançamento (sim, um coquetel de lançamento!)
Com certeza, por falta de experiência e recursos financeiros
fizemos certos atropelos, mas não na intenção e proposta inicial. Abrir nosso
pensamento, nossa criação, nossos conhecidos foram as metas principais. Queríamos
estar próximo de todos até mesmo pra entender o mundo a nossa volta, a cidade
que pulsava cultura e arte que tinha naquela época grandes agentes pra isso.
Naquele ano, recebemos uma carta anônima. Como toda carta
anônima, achamos divertida, amadora e com certeza absoluta, invejosa. Nos
divertimos tanto, que na peça Restos que já era assumidamente a peça mais
anárquica do grupo, chegamos a lê-la na íntegra para uma plateia que não
entendia porque estávamos lendo “denúncias” assim, sem dó nem medo. Fizemos
porque era divertido, porque a carta tinha uma clara intenção de assustar e,
claro, porque era amadora demais pra gente levar a sério: tinha que estar em
Restos!
Foi o primeiro ano também que pensamos de forma mais forte
quanto ao material gráfico. Fizemos uma material comemorativo de 4 anos com
todas as peças existentes até ali. Enquanto estávamos na Câmara dos Vereadores
de Suzano em manifestação contra a direita que ainda estava chateada por ter
perdido a boquinha e queria cassar o prefeito Marcelo Candido de qualquer
jeito, uma atriz que estava aprendendo a mexer no Corel abria um boneco do programa pra aprovarmos senão não sairia a
tempo. Aprovamos aquele “boneco” com gritos por todos os lados!
Foi um ano atípico pra todos.
Ao terminar percebemos o quanto nos foi prazeroso estar ali
fazendo tudo aquilo. Alí foi dada a largada para um grupo mais organizado. Nos
programamos como nunca, planejamos ao máximo nossas ações, erramos muito,
acertamos outros tantos e seguimos.
Resumidamente foi isso.
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