terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

SOBRE SONHOS MATERIALIZADOS





Cada espaço cultural que abre para o público significa a resistência para que um mundo melhor sobreviva, respire e ganhe a batalha para sermos mais tolerantes, amáveis, compreensíveis, ativos, solidários e transformadores. É uma luta miúda mas com grandes frutos. 


Um artista precisa de seu canto. Seja em um atelier bagunçado onde cores e pincéis se misturam a música e cheiros, num quarto envolto com palavras desorganizadas e prontas para serem alinhadas, ou um estúdio/quarto/garagem/casa com cabos, alguns instrumentos, poesia e ouvidos atentos e até mesmo atrás de lentes que registram movimentos ou os congele, todo artista precisa de seu canto.


Toda essa solidão criativa existe para que o mundo ao seu redor avance e construa novas pontes e reconheça no outro como ferramenta de fortalecer valores mútuos que nos levem ao simples ato de sorrir ou chorar nesse mundo que parece não nos ser permitido nem rir, nem chorar.

É com esse ideal de colaborar com esses valores que o Espaço N de Arte e Cultura nasce. Fruto de muita discussão, empenho, planejamento e, porque não, uma boa dose de improvisação, o Teatro da Neura avança para aprender um pouco mais dessa profissão incrível que é a do artista. 

Tirando a estrutura básica do estabelecimento, tudo lá dentro foi transformado pelas nossas próprias mãos e com as mãos de alguns generosos que por lá deram suas pinceladas, varridas de chão, empréstimos de ferramentas brutas ou conversas esparsas para aliviar um pouco do duro trabalho que foi ver aquilo que estava no papel ser levado para as paredes, móveis, teto e cheiros.

Nós que já visitamos tantos e tantos espaços teremos o privilégio de também sermos agraciados com a presença de muitos artistas que verão ali uma oportunidade de disseminar sua arte, sua luta diária pelo sorriso, sua vida materializada em algo subjetivo, efêmero e – por isso mesmo – fundamental para a nossa existência.

Nós que já nos apresentamos nos mais variados locais teremos um canto com o nosso cheiro, nossas manias, nossos prazeres, nosso “travesseiro” (nada mais acalentador e preparador para inicio de novos sonhos que o nosso travesseiro).

Nós que planejamos tanto cada pedaço e forma de funcionamento desse espaço sabemos que tudo poderá ser modificado com a presença das pessoas como se fôssemos surpreendidos ao planejar um ensaio e os atores trouxessem propostas tão incríveis que temos que desconstruir nossas formas e avançar pela vitalidade daquele que propôs.

Aprendemos muita coisa nesses meses de reforma: pintar parede colorida, saber a diferença entre parafuso simples e sextavado, instalar perfilados, diferenças entre brocas de 06, de 08, de 10, colar cadeiras personalizadas, organizar cenários e figurinos “inorganizáveis”, transformar gavetas em prateleiras, transformar armário em prateleiras, abrir 4 portas de aço sem quebrar chaves (depois de termos quebrado 3)... mas com certeza o nosso maior aprendizado está por vir. E o mais delicioso é que não sabemos o que vamos aprender; sabemos que vamos aprender e isso já nos motiva para seguir por mais 20 anos!!

Boa sorte Espaço N de Arte e Cultura

Boa sorte Teatro da Neura











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