terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
O que nos distancia do profissionalismo?
Há um fato importante que a classe artística da região deve enfrentar para que sua existência seja reconhecida como algo que deva ser levado a sério pelos poderes públicos: sua capacidade de se profissionalizar e se perceber no mundo.
Todo o cuidado é pouco quando usamos palavras, mas não devemos ter medo delas. Profissionalismo não quer dizer necessariamente mercadoria. Não é algo com que devemos vender em troca de algum valor financeiro específico. Profissionalismo é aceitar seu ofício como profissão e trabalhar para que consiga transmití-la de forma digna e que, de preferência, nos diferencie de outro animal irracional.
Para conseguir isso a tarefa é difícil. E nesse ponto estamos deixando muito a desejar. Ainda não estudamos como deveríamos, não lutamos junto aos órgãos públicos pelos direitos que a população deve ter em pensar coisas diferentes, não nos articulamos enquanto classe, medos e vaidades nos consomem e como consequência de tudo isso, nossos espetáculos estão deixando a desejar.
Dessa forma, a representação junto a população que nos vê perde força. Sendo eles os que percebem nossa arte como uma forma de "troca final", se não conseguem fruir ou congregar com aquilo que vêem, não o reconhecem como algo que deva continuar e aí não acham passíveis de manter sua permanência.
Nessa hora, não adianta colocar a responsabilidade somente no poder público. Ele tem a sua responsabilidade e deve sim entender sua representatividade junto as necessidades básicas da população. O papel dele - uma vez que não conseguimos mudar as regras do jogo - é funcionar como uma panela de pressão que só funciona se sentir fogo vindo de baixo pra cima. É preocupante quando é percebível que não há na classe um olhar para esse ponto.
Ao optar por não pressionar, abdica de sua capacidade de transformar o indíviduo e passa apenas a lidar com aquilo que a arte tem de mais inútil, ou seja, sua exposição pura e simples, sem reflexão anterior. Sendo assim não avança e fica recluso no seu espaço de criação - seja mental ou físico - e não pensa o mundo a sua volta.
Vira arte pela arte. E acho que a arte já está aí e não precisa mais dessas coisas.
E como faremos para mudar essa postura?
O que está faltando para que efetivamente usemos nossa capacidade de transformar o mundo e também o indíviduo em busca de uma sociedade mais apta em refletir e pensar o mundo de forma diferente?
Pra onde iremos se não conseguimos transmitir nossa obra para a platéia?
Temos umas coisas pra pensar depois do carnaval.
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Cidão, muito provocador esse post. Você misturou muita coisa dentro de um mesmo caldeirão. Por isso vou fazer apenas uma intervenção "pequenininha" usando pra isso uma "perguntinha" cuja dimensão também é "mínima" (rssss). Qual o nosso objetivo como artistas?
ResponderExcluirAcho que passa por aí a mudança de postura que você propõe. Ter a resposta pra essa pergunta é fundamental pra cada artista ou grupo de artistas de qualquer região.
Abraço!