domingo, 7 de março de 2010

Falta de Espaço e a coragem de todos os dias



É fato que para nós que fazemos arte, o espaço tenha uma importância fundamental. Com essa coisa do teatro contemporâneo, a distância que havia ante entre platéia e artistas foi diminuindo e, dessa forma, os espaços para essas apresentações passaram a ser tudo aquilo que os grupos de teatro vêem pela frente.

Por um lado, aproximamos não só espacialmente o público, mas também artísticamente pois todos tivemos que ampliar a capacidade de verdade e teatralidade nas nossas montagens.


Tá, tirando de lado esse fator histórico e filosófico interessante e indo mais para a prática mesmo, falta na região espaços para que hajam encontros mais saudáveis entre público e artistas. Está provado que, quando o espaço é bom, acolhe o público bem e tem uma programação continuada, cria-se um hábito de frequentar esses espaços e ele passa a ficar "quente".

Tivemos uma experiência boa com o Galpão das Artes em Suzano e agora, mais recentemente com a inauguração do Galpão Arthur Netto em Mogi das Cruzes. Semelhantes em sua estrutura os dois espaços tentam manter atividades constantes e, na medida do possível, de qualidade também. O público passa a vir quando reconhece o espaço como uma coisa que não vai desvirtuar de condição.

É como se fossemos pro Espaço Unibanco: sempre terá um filme bom pra ser.
Mas fico aqui pensando - partir da provoção do Manoel Mesquita Junior da Cia do Escândalo - que também os grupos não se apoderaram dessa ferramente tão importante para a nossa profissão.

Num país onde nós que fazemos teatro de pesquisa estamos lutando bravamente contra a maré - forte por sinal - da indústria cultural, a consciência de que devemos nos apropriar desses espaços e torná-los nossa casa ainda está distante.


Mas aí já vamos entrar em assuntos bem mais complexos.

Mas acho que é importante percebermos que há sim uma disposição em ocupar os espaços.


Mas aí vamos ver que ainda faltam espaços.

E aí fico pensando: não é um bom tema para o dia 17 de abril num encontro maravilhoso no Galpão Arthur Netto?

Um comentário:

  1. Cidjohnies, meu querido!
    Acho que é um excelente assunto para dia 17 sim. Mas já pra adiantar: vejo as coisas (hoje, do alto de meus 36 anos) com muita paciência e tranquilidade. Não dá pra tirar coelhos de cartolas vazias (parafraseando a Tuane no post aí de cima). O que quero dizer é que se não um trabalho de base feito por nós, que estamos há mais tempo batalhando e que conquistamos alguma coisa, não haverá clareza para as novas pessoas de teatro daqui. Não dá pra cobrar de novos grupos (a maioria) uma postura que demanda amadurecimento. E nós, como o perdão da presunção, você, o Cleiton, a Priscila, o Wilson Caetano, eu, o Rui, entre outros, somos os possíveis responsáveis por uma evolução da classe teatral na região. Óbvio que se houvesse ajuda do poder público as coisas seriam melhores, mas não há nem garantia de sustentabilidade nessa ajuda (os Estevãos estão por aí). Quem sobra, sempre, somos nós. Então, penso que se quisermos uma evolução de pensamento (e não de qualidade artística!) de classe teatral, precisamos trabalhar, nós, pra isso; pra engajar os grupos, pra dar oportunidades de fala e de pensamento e de continuidade nesse processo.
    Não consigo pensar em nada mais quando vejo as reflexões da Tuane aí acima. Essa indignação, aparentemente nova, dela, me acompanha há muito, e para isso faço meu teatro, pra combater essa falta de visão. E por isso acho que temos que assumir essa responsabilidade por aqui.
    Pra finalizar, sinto falta, por exemplo, desse contato entre nós, artistas e cias, que existe muito pouco, quase nada. Principalmente em épocas de editais, prêmios e que tais, em que a “faceta” artista cede lugar à de produtor.
    Abraço!

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