terça-feira, 3 de junho de 2014

CONSELHOS DE CULTURA DO ALTO TIETÊ, UNI-VOS!!





Os desafios para a classe artística do Alto Tietê estão cada vez mais claros e nem por isso mais fáceis. Há na região a tentativa de um pensamento único em torno de políticas públicas para a cultura e outras um tanto quanto manipuladoras e manipuláveis, deixando a nós todos – sem exceção – em xeque e por isso com grande senso de responsabilidade para atuarmos com urgência sob o risco de vivermos num atraso que só nos livraremos anos e anos a frente.


Que a classe artística ainda está “umbigada” em clãs não é novidade pra ninguém. É um processo que temos que passar mesmo. Por séculos a cultura foi relegada a segundo plano (ou quinto) e ai nos últimos anos nos jogaram uma corda e estamos no fundo do poço se esbofeteando pra ver quem sobe primeiro e nem perguntamos quem jogou a corda.

Exemplos simples não faltam.

Em Poá monta-se um Conselho Municipal de Cultura que, em conversas e construção conjunta com a classe artística imaginou-se que seria deliberativa, mas é dado um golpe nesse processo e é levado para aprovação na Câmara um conselho consultivo e praticamente pedindo desculpas por existir. Além disso, para uma cidade que não cumpre um compromisso simples como esse do Conselho, está para inaugurar – agora em outubro segundo promessas tucanas – um teatro  que tende a ser o mais moderno da região com investimentos na casa dos 17 milhões de reais e que nem começou a conversa da política de uso, correndo o risco de continuar a referenciar sua população com stand up pop, shows na linha do “pra que?” e sem nenhuma ou pouca participação dos artistas locais.

Aliás, é comum ouvir dos gestores que sempre é importante levar nomes “pops” da cultura brasileira porque eles “chamam” o público para as outras atividades locais revelando total preconceito, despreparo e distorção da função de um gestor público pra cultura.

Já em Suzano, com um Conselho de Cultura desativado desde os idos de 2012 e na insistência de sua continuidade e formação da nova diretoria, lida com uma gestão atrapalhada, despreparada e mal humorada que nem conseguiu fazer uma Conferência de Cultura em sua própria cidade, com um Secretário de Cultura medroso, fechado em seu gabinete e atrasado no que se refere a políticas públicas sérias. Fechado em si mesmo e no seu ego, persegue aqueles que elegeu como “da outra gestão”, não dialoga com a classe porque não se interessa em ouvir e muito menos implementar políticas modernas de cultura, não detém o controle de sua gestão frente a pasta e assim resta tempo livre para escrever artigos no jornal local com textos de pseudo auto ajuda.

Em Mogi das Cruzes a falta de diálogo é uma constante, com um Secretário que parece ter se esquecido dos lugares, pessoas e sensações que tanto trocou quando era artista-produtor. Agora, depois de anos oferecendo eventos sem continuidade e identidade, lança com muito orgulho uma Lei de Incentivo que só interessa mesmo a quem é artista-produtor e mais ninguém. Também na tentativa de desarticular seu Conselho de Cultura – que já fez parte e era atuante quando ainda era artista-produtor – faz o básico de gestões sacadinhas: coopta e ajuda na base da xícara, aqui e acolá.


E nisso tudo restam os artistas que insistem em pressionar seus governos a avançar. Talvez, aquilo que os uma como forte enfrentamento sejam seus conselhos. Porque a sociedade civil que está nos conselhos são efetivamente aqueles que se preocupam com os novos tempos – sombrios – que a região vem enfrentando. 

Talvez seja a hora dos Conselhos de Cultura travarem essa jornada na luta conjunta de esforços para pressionar os governos municipais a tomarem as medidas que efetivamente possam colaborar para que a população tenha melhor acesso a bens artísticos e que seus artistas realmente possa se encontrar com os seus com mais tranquilidade, transparência e fortes em tornos de causas e lutas diárias.


E como será que anda os Conselhos de Itaquaquecetuba, Ferraz de Vaconcelos, Arujá...


Fora as complicações que são comuns em todas as áreas e cidades, há lutas diferentes a serem travadas pelos lutadores de cultura em suas cidades natal. Nós, artistas, não trabalhamos com fronteiras. A luta de um é conquista de todos. Portanto os avanços nas políticas culturais de uma cidade é avanço de todos!


E se juntássemos nossos Conselhos e avançássemos em ações conjuntas e de apoio para toda a nossa região? E se fizéssemos barulho? E se....?

Um comentário:

  1. Falta o "nós" e o "o que". Sem o comprometimento, até o fim, de ao menos um grupo pequeno de pessoas todo este contexto tende a esmagar mesmo a mais forte boa vontade.
    A meu ver o catalisador de qualquer ação dever ser um projeto objetivo, com metas bem definidas de onde se quer chegar e como. Este seria um elemento aglutinador dos esforços e um avanço objetivo nesta discussão em que estamos ainda num plano muito abstrato.
    É preciso entender o problema, sua complexidade, profundidade... E, num esforço conjunto, chegar a soluções a partir desta compreensão mais realista do que pode e deve ser feito.
    Imagine dez pessoas querendo construir uma casa sem um projeto... É aí que estamos.
    Gosto da idéia de juntar os Conselhos e as pessoas... Mas este trabalho de criar uma utopia e de algum modo mobilizar as pessoas em torno de um novo modelo de gestão cultural é essencial para algum avanço concreto. A pergunta talvez seja se as pessoas entendem a importância disto e se estão disponíveis a gastar o tempo e esforço necessários nesta direção. Estamos? Quem é o "nós"? E qual vai ser o uso afinal desta nossa "casa"?

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