quinta-feira, 8 de julho de 2010

Por que você não se forma?



Que a formação profissinonal é importante para qualquer profissão ninguém discute.

Se você quer ser médico, dentista, mecânico, eletricista ou seja lá o que for, taca você ir lá, estudar, buscar cursos e tudo mais que podem fazer de você uma figura respeitada e quicá, viver daquilo que escolheu como profissão.

E aí pergunto: por que na nossa profissão não fazemos o mesmo? Por que achamos que basta fazer meia dúzia de oficinas - quando fazemos - para acreditarmos que somos capazes de transmitir esse conhecimento?

Não sei. Taí uma resposta que não sei.

O que sei é que, depois de algum tempo por aqui, nessa brincadeira, ainda percebo erros e falhas nem sequer estão sendo olhadas, o que é preocupante no que se refere ao futuro do nosso público e, óbviamente, nosso também.

Falo da formação profissional de todos os ramos da nossa profissão em artes cênicas: ator, atriz, maquiador, figurinista, cenógrafo, iluminador, técnico de som e por aí vai. E digo com a propriedade de acompanhar, mesmo de longe, oficinas, workshops, cursos que na maioria das vezes são baratos ou de graça e praticamente não há adesão em massa proporcional ao número de pessoas que fazem arte na região.

E listo aqui os cursos: Todas as oficinas de curta duração da Secretaria Municipal de Cultura chamada de Pílulas Criativas, Bate papo com artistas como Paulo Betti ou Zuenir Ventura ou Bete Dorgan, Projeto Vivências da APAC, só pra citar ações pontuais dos últimos dois meses.

E preocupa porque essas conversas ajudam a nos colocar perante o mundo de forma ativa, ampla e nos enche de repertório para que iniciemos nossa busca por aquilo que chamamos de artista.

Porque o mundo não precisa de ator, músico, escritor ou bailarino; o mundo precisa de artista. Aquele que, a partir de experiências sentidas no mundo em que vive, consegue analisá-lo e antever o mundo que ainda está por vir. E pra isso, é necessário a formação, a troca com outros profissionais.

Mas como queremos que nossas peças tenham qualidade se não trocamos com as experiências do mundo?

E se nossas peças não terão qualidade, como faremos para garantir a tão famosa formação de público que é sempre o Tendão de Aquiles dos grupos de pesquisa e principalmente os do Alto Tietê?

Nós temos a noção da qualidade de nossas peças?

E se não nos formamos continuadamente - e nem falo somente de escola formal porque isso nem sempre ajuda - como queremos ser respeitados como profissionais?

Que moral podemos pedir formação para órgãos públicos se não frequentamos as que ela oferece? E se o órgão público não oferecer, você vai ficar aí no canto chorando ou vai atrás, porque, afinal de contas, É A SUA PROFISSÃO!!!

Não tenho certeza, mas acho que estamos desfocados. Talvez por essa coisa do mundo cão que nos impõe que façamos muitas coisas pra sobreviver. Mas se não reagirmos, ficaremos ainda sendo vistos como "os meninos do teatro", ou a nos oferecer qualquer quantia pra fazermos "alguma coisinha aí" pra animar "o pessoal".

E acho que não estamos mais nessa fase.

Ou reagimos, ou não estamos no mercado, quer queiramos ou não.



Um comentário:

  1. Proponho até algo diferente... [Sem tirar a importância que é a troca de experiências com outros artistas] Grande parte dos artistas do Alto Tietê fazem seus trabalhos em grupo, sendo assim há algo simples que pode ser feito, estudar sua profissão em grupo e trabalhar para o crescimento junto a esse grupo.

    Tudo isso que você, Cidão, citou, corre pra uma solução que é simples, mas que ainda não é vista [porque não querem ver]... É uma pena...

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