Assunto delicado essa de fomento a grupos de teatro - ou de arte.
Fico as vezes vendo videos na internet de montagens de grupos que não são fomentados, patrocinados, quicá apoiados e percebo, ainda, certo brilho no olhar, perdido entre a vontade de fazer um bom trabalho e a técnica que, nesse caso, passa a estar próximo, mas não o mais importante.
Sinto nesses olhares uma vontade imensa de fazer. Fazer o mais certo possivel dentro de seus interesses no momento e desejos a serem alcançados no futuro.
E admiro muito essa capacidade de criar apesar de tudo e todas as dificuldades que se apresentam sempre.
Fico lembrando de quando assisti a minha primeira peça da Cia do Latão no Centro Cultural São Paulo de graça, antes de leis de fomento, editais públicos ou economia da cultura que hoje está tão aí na fala da moda entre nós. E lembrando dessa época me lembro que esse brilho de que falo já estava lá e os fez mover a caminho de grandes conquistas que fazem desse grupo uma referência em pesquisa e excelência artística.
E falo deles lembrando de tantos outros que seguiram caminhos parecidos e que hoje tem a sorte de ter uma Lei que colabora para que isso não morra tão fácil como antes era capaz de morrer. Artistas que, ao ganharem seus editais, ficam felizes, soltam um baita sorriso e dizem: vamos respirar.
Mas também falo (principalmente) de outros que não conseguiram os apoios que devem conseguir mas que insistem na busca da chamada (e não definida) excelência artística sabe-se lá como e com todas as suas forças.
Acho que é para esse tipo de teatro que pretendo voltar. Lógico que sempre deve-se lutar para que novas conquistas aconteçam e tentar equilibrar as forças do capital que nos arranca de nossos ideais sempre que pode. Mas é para esse brilho de saber que, mesmo que nada de novo aconteça, será dentro desse pensamento que ficará mais gostoso cada trabalho, cada encontro, cada ensaio.
Tenho a impressão que o mais próximo do ideal que conseguiremos é aquele que ninguém nos tira, ou seja, a nossa conduta.
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