domingo, 25 de julho de 2010

O teatro de grupo em uma de suas missões


O teatro de grupo é ainda a ferramenta que mais rendeu frutos estéticos nos últimos anos. Com sua estrutura de continuidade, com ele é possível estabelecer repertório, segurança do público quanto a linha que o grupo age formando platéia para o teatro e ainda por cima consegue discutir - sem maiores repressões - o tempo em que vive.

E por todas essas características, é sabido que o teatro de grupo precisa avançar. Avançar em quesitos mais amplos e que na maioria das vezes o ego, a auto promoção com muito discurso e pouca prática e, principalmente, espetáculos com pouca qualidade ainda deixam os grupos frágeis e presos a estruturas ainda amadoras no que se refere a sua ação naquilo que se propõe.

E a luta é grande. Com os editais sempre favorecendo aqueles grupos que foram os primeiros a se beneficiarem e assim sempre estarem mais preparados dos que aqueles que chegaram depois, fica cada vez mais imprescindível que se perceba essa situação e, com isso se sinta mais livre em suas criações sem grandes projetos para serem aceitos.

Não seremos. Ponto final.

E sendo assim, temos uma frente a lidar urgententemente - e quando não foi não é mesmo?

Vejo como prioridade numero 1 melhorar a qualidade artística e estética de cada novo espetáculo da Cia. Se você quiser agradar ou não o público, tem que tratá-lo com respeito. E nada melhor do que um bom espetáculo. Aquele onde o público percebe o trabalho realizado.

É como se, pelo simples fato de um grupo querer falar algo, já basta. Não há reflexão sobre o tema. O que importa é a história a ser contada. Assim, o grupo sai de um processo da mesma forma que entrou e sua estética nunca muda. Fica naquilo e contente-se com isso porque "é a nossa forma de dizer". (urgh!!)

Esse salto precisa ser dado. O público não pode mais ver nosso teatro como algo amador. Deve se surpreender belamente.

E não estamos dando conta do recado. Com um detalhe: eles pagam pra ver nossa incompetência e ninguém merece isso.

Nem nossos parentes e amigos.






4 comentários:

  1. Belo texto...
    Mas para não perder a prática, vamos exercitar a provocação: por que tanta mitificação e mistificação em torno do teatro de grupo? O que é essencialmente teatro de grupo? Um grupo de pessoas que fazem teatro? Acho que não... mas como os conceitos são flexíveis, pode até ser... O teatro de grupo premiado em edital (gde e gordo) ou com patrocínio da Coca-cola é possível? Será que prevalece a questão estética ou é um simples adaptar-se mercadológico? Só estou perguntando...
    Melhorar a qualidade artística é sempre um desafio que temos que encarar, no entanto, quando se coloca a questão da reflexão sobre o que dizer e pq dizer,temos um problema: falta de formação e ausência de repertório... As pessoas não querem arriscar, é o básico, o que funciona... O maior clichê que arranque lágrima ou riso da platéia...Ah! E não tente argumentar, afinal, o artista, pobre vítima, é um incompreendido, pequeno gênio notável, não reconhecido... Acho que aí que entra o tal ego... Mas ego, no teatro de grupo? Ora, veja só...
    Creio que muitas vezes processos e grupos não avancem no amadurecimento justamente por culpa do... próprio grupo! O grupo não permite experimentar-se e não permite que seus membros se experimentem... É a velha história do cara que escreve o monólogo, atua, dirige, assina trilha, figurino e cenário, se abusar faz a luz e bilheteria... E faz mais três espetáculos dessa forma pq acredita que funciona!
    E o público?
    O público vai ao shopping assistir uma sessão de cinema enlatado...Pelo menos a produção é boa e sempre tem uma novidade.

    PS: faz um texto diferenciando teatro de referência e teatro amador.

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  2. Caralho, Cidão!!
    Caralho, Amábile!!
    Quanta contundência!!! (rsss)
    Contundência boa!!
    Cidão já me pronunciei aqui algumas vezes sobre textos seus a esse respeito. E gostaria, se possível, de fazer 02 perguntas:
    1- Qual a sua sugestão para o problema que você coloca no texto;
    2- Sincera e objetivamente, o que te motivou a escrever essa reflexão e a publicá-la?

    Abraço!

    Jr.
    P.S Tenho uma opiniao a respeito do assunto, mas ia demandar muito espaço aqui. mando por e-mail depois.

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  3. Junior, meu, tentei escrever uma solução que todos nós sabemos no item lá encima.
    Agora meu, porque eu escrevi é porque acho que podemos dar um salto. Devemos dar um salto. E a reflexão é imprescindível.
    Vamos continuar a pensar né

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  4. Cara, perguntei porque muitas vezes fico confuso se você detecta esses problemas na cena de Suzano, do Alto Tietê, de São Paulo ou do Brasil. Embora eu saiba que muitas coisas (erros/distorções) são comuns em todos os lugares e embora seus textos me façam refletir muito sobre meu trabalho e de meu grupo, fico ainda tentando advinhar se a motivação para essas suas inquietações tem a ver com as minhas, por exemplo, os espetáculos "difíceis" que tenho visto de grupos daqui do Alto Tietê.
    Mas valeu! Como disse lá em cima, acho corajosa sua iniciativa de, no mínimo, abordar os probl;emas. E você está prestando um serviço com o blog. Fazendo, inclusive, um registro, sob seu ponto de vista, dos problemas e acertos de nossa classe teatral. Lá na frente, ler esses textos vai significar entender o momento vivido pela classe teatral de nossa região. Sem rasgação de seda.
    Agora sobre o comentário da Amábile que tem a ver com seu último post, vou te mandar um e-mail que tem um pouco minha visão e que foi a base de minha participação num debate para o qual fui convidado pela Fundação das Artes de São Caetano.
    Abraço!

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