A Escola Livre de Teatro, projeto artístico-pedagó gico que se afirmou como referência para a formação de atores no Brasil e que se aproxima agora dos seus 20 anos de enraizamento na cidade de Santo André, acaba de sofrer um golpe violento: seu coordenador, o ator Edgar Castro, foi sumariamente demitido – para que novamente se plante a velha e já conhecida política de desmantelamento dos quadros críticos que ali atuam e que têm conduzido com diferencial criativo a trajetória da Escola.
É assustador, mas nada novo: foi exatamente assim que as coisas aconteceram há aproximadamente dezessete anos atrás, quando houve a chegada do prefeito Newton Brandão (PSDB) ao poder. Este prefeito e seus secretários brutalizantes realizaram a mesma operação de desmanche da ELT agora proposta – criando intervenções absurdas e condições precárias de trabalho que feriram frontalmente a manutenção de seu projeto pedagógico.
Um projeto contundente como este (radical desde seu nascedouro, quando foi parido pela artista Maria Thaís Lima Santos, hoje professora doutora da USP; e coerentemente transformado pela experiência, pelos seus diversos mestres, em todos estes anos), para se preservar, não pode dialogar com a descarada mediocridade de idéias e, muito menos, com a mera reprodução de modelos falidos que vigoram nos sistemas educativos corriqueiros.
A ELT nasceu e sempre foi diferente e é justamente sua diferença o que lhe confere os louros amplamente colhidos como “projeto que deu certo na cidade de Santo André” e que se tornou referência nacional de ensino de teatro (hoje, chegam pessoas de todo o país para estudar na Escola Livre).
Não bastasse a plena e profunda desaprovação de toda a comunidade da Escola em relação a esta atitude autoritária, o que se percebe claramente é o sucateamento do projeto radical de formação de atores (que sempre esteve baseado no diálogo e na autonomia criativa – daí o nome “Livre” que lhe consagrou).
Para piorar a situação, a atual Secretaria de Cultura (que se gaba por produzir festas com música sertaneja na cidade) quer fazer engolir, de cima pra baixo e irresponsavelmente, o descarado clientelismo, impondo como figura de liderança para a Escola uma amiga de infância do atual prefeito do PTB, Dr. Aidam. Esta senhora, uma desajeitada tal de Eliana Gonçalves, é pessoa absolutamente desqualificada para ocupar tão função e completamente desconhecida nos meios teatrais (diferença brutal em relação aos atuais mestres).
Que uma prefeitura não tenha bons projetos culturais, especialmente quando eleita de supetão e susto, é até comum. Mas quando a falta de projeto vem acompanhada de corrupção (quase nepotismo!) e mediocridade, é ponto revoltante que deve ser comunicado a toda a comunidade, na imprensa e no boca-a-boca (especialmente em casos como este, já que o prefeito Dr. Aidam prometeu, em sua posse, manter vivos os projetos que funcionassem bem na cidade).
Hoje a Escola Livre de Teatro recebeu um duro golpe. Mas quem sai machucada mesmo é a cidade de Santo André. Começamos a ver o rosto do lobo por trás da máscara de cordeiro!
Filhadaputagem mesmo! Aqui em Mogi sabemos bem o que é isso. Há tempos. Sabe que espetáculo maravilhoso vamos ter, patrocinado pela Secretaria de Cultura? É um espetáculo belíssimo chamado "Mãos ao Ato, SP!", com texto do (pasme!) Paulo Goulart. O e-mail que veio pra gente diz que é uma das grandes peças de teatro que vem pra cidade, e quem diz é o próprio secretário. (...) Dá uma olhada no material do espetáculo e veja se tem sentido...
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