Num mundo cada vez mais individualista e com as liberdades individuais indo pro espaço sem nos darmos conta, tratar de intolerância é sempre um buraco fundo que, ao descermos, raspamos pelas bordas do buraco e nos ferimos.
A arte é uma ferramenta para discutirmos esse tema, com certeza. E a Cia do Escândalo foi pra essa empreitada de forma cabal: coloca o nome da peça de Intolerância e a trama é bem direta, ou seja, um acidente de trânsito que acaba em tragédia com consequências psicológicas posteriores.
A concepção estética propõe quase um ritual pela cabeça de pessoas que são invadidas pelo seu individualismo mas que sempre sentem falta do coletivo. Isso aparece bem claro e me vem como uma denúncia. Ligados ao mundo pelos seus casulos sociais - carro, computador, trabalho - acabam por não se sentir mais humano e aí se perdem do seu próximo (mesmo que não o conheça).
E aí já se percebe que a tentativa avança numas questões, mas deixa uns vazios em outras. A quebra de cenas constantes feitas pela luz interrompe uma ligação que acho fundamental com o tema proposto. Porque a platéia está alí, convidada a participar e a refletir com o trauma que os personagens passam mas, por algum motivo, isso é interrompido constantemente.
Não somos só razão. Somos sentimentos também. E sentir, num mundo cada vez mais racional é uma proposta que o espetáculo pode aprofundar mais. Compartilhar também a emoção e deixar que a razão nos invada - porque somos treinados pra isso desde pequenos - nos momento apropriado, quando quizermos.
Impressionante a verdade de Ju Penteado em cada cena e como não parece interpretação o que ela faz! Uma qualidade que ajuda muito a entender a peça e como ela pode chegar. energia pura e com um vitalidade sempre renovada.
A Cia do Escândalo nunca nos deixará ver uma peça e pensar uma coisa só sobre ela. É uma pegada de grupo mesmo.
Assinatura.
E acho que assinatura é assim mesmo. Seja com caneta forte ou falhando, você reconhece sempre.
Hahaha! Você não me falou, mas eu achei! Obrigado, Cidão! Obrigado pelas críticas que sempre nos fazem crescer.
ResponderExcluirBeijo!
Jr.